Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS).
Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos viários sobre a fauna.
Que colisões com grandes mamíferos causam danos econômicos e risco às vidas humanas nas estradas é fácil de imaginar. Mas já pensou que colidir com um animal de cerca de oito centímetros pode resultar em um grande estrago?
Bom, com um indivíduo não, mas com vários, poderia! É o que aconteceu em maio deste ano no oeste dos Estados Unidos.
Diversos acidentes ocorreram nas estradas do estado de Nevada, devido a uma onda de aumento populacional de grilos-mormón (Anabrus simplex).
Aparentemente, as estradas úmidas, devido às chuvas, juntamente com os grilos esmagados, colaboraram para que as pistas ficassem escorregadias e imprevisíveis para os motoristas, o que gerou alguns acidentes. Essa situação tornou alguns trechos em locais montanhosos intransitáveis à medida que eles ficaram cobertos de carcaças. Felizmente ninguém (além dos grilos, claro) ficou seriamente ferido, mas as imagens dos acidentes são impressionantes. As autoridades locais precisaram emitir um alerta aos motoristas para que ficassem atentos à situação e diminuíssem a velocidade nas vias da região.
Apesar de popularmente conhecidos por grilos, a espécie não é um grilo verdadeiro, mas sim uma esperança, como são popularmente conhecidos no Brasil os insetos que pertencem à família Tettigoniidae.
Essa eclosão de milhões de indivíduos ao mesmo tempo é um fenômeno característico da espécie, que costuma depositar seus ovos no outono. Os ovos podem ficar inativos até que as condições climáticas ideais apareçam para sua eclosão em massa (geralmente em períodos de seca). As ondas de aumentos populacionais da espécie, bem como os conflitos dessa característica reprodutiva com seres humanos, são conhecidos de longa data na região, seja nas estradas, na agricultura ou em centros urbanos.
Apesar de algumas estratégias de controle das populações da espécie serem aplicadas na região, esse fenômeno vem se repetindo de tempos em tempos. Enquanto isso ocorre, as autoridades pedem que a população local reporte a localização dos grilos para planejar estratégias de contenção, os motoristas precisam estar cautelosos ao transitarem nas estradas e até os professores aproveitam a oportunidade para ensinar biologia relacionada a esses animais.
Fiquei pensando aqui como poderíamos remediar essa situação nas rodovias. Uma possível estratégia para evitar os acidentes poderia ser a instalação de barreiras físicas em locais de maiores riscos para os motoristas, como em curvas e declives acentuados, já que a espécie não possui a capacidade de voar. Será que daria certo?
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es).
Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS). Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos […]
