Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: tartaruga-de-couro, tartaruga-gigante
Nome científico: Dermochelys coriacea
Estado de conservação: “vulnerável” na lista da IUCN e “criticamente em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Uma região do litoral norte do Espírito Santo, próxima à foz do rio Doce, é conhecida como a única área onde regularmente acontece a desova da tartaruga-de-couro ou tartaruga-gigante no território brasileiro. Em meados de fevereiro de 2021, pouco mais de cinco anos depois do desastre ambiental de Mariana, que despejou toneladas de rejeito de mineração no rio Doce, pela primeira vez uma tartaruga-de-couro foi encontrada depositando seus ovos na praia do Suarão, em Itanhaém, litoral sul paulista.
Não há ainda estudos conclusivos, mas é possível que a região capixaba, normalmente frequentada pela tartaruga-de-couro para nidificação, tenha tido uma queda na quantidade de organismos dos quais o animal se alimenta: zooplâncton gelatinoso, como celenterados (corais, águas-vivas, anêmonas-do-mar, hidras e caravelas), pirossomos e salpas. Coincidentemente ou não, todos animais marinhos com uma aparência que lembra muito um terrível inimigo das tartarugas, o plástico.
A tartaruga-de-couro vive nos oceanos tropicais e temperados de todo o mundo e é uma espécie altamente migratória. As fêmeas chegam a se deslocar mais de quatro mil quilômetros entre as áreas de alimentação e descanso e as áreas de reprodução. Elas sempre voltam para as mesmas praias onde nasceram para cavar seus ninhos e depositar seus ovos, num comportamento que é chamado de filopatria natal. A cada ciclo reprodutivo são postos até mais de 100 ovos, que demoram cerca de 50 dias para eclodir.
Essa quantidade de ovos a cada postura parece grande, mas, segundo o Projeto Tamar, só um ou dois de cada mil filhotes nascidos consegue atingir a maturidade. Entre as principais ameaças às tartarugas, além dos predadores naturais, estão as ações humanas: pesca incidental, fotopoluição, trânsito de veículos nas praias de desova, destruição do habitat de desova pela ocupação desordenada do litoral, poluição dos oceanos e as mudanças climáticas.
A tartaruga-de-couro é a maior espécie de tartaruga marinha do mundo. Pode chegar a atingir mais de dois metros de comprimento de casco e pesar mais de 500 quilos. Sua carapaça é constituída por uma camada de pele fina e resistente e milhares de pequenas placas ósseas, que formam sete quilhas, e tem a aparência semelhante ao couro, daí seu nome popular.
Leia aqui a história da tartaruga que já apareceu duas vezes este ano em Itanhaém para desovar.
– Leia outros artigos da coluna OLHA O BICHO!
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)