
Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: sapo-intanha, sapo-untanha-brasileiro, sapo-boi, untanha ou sapo-de-chifre
Nome científico: Ceratophrys aurita
Estado de conservação: “pouco preocupante” na Lista Vermelha da IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Se você estiver explorando alguma floresta de Mata Atlântica, seja em Minas Gerais seja em algum Estado na costa brasileira entre o Rio Grande do Sul e a Bahia, pode ter a sorte de encontrar nosso personagem.
Conhecido popularmente como sapo-de chifre ou sapo-intanha, entre outros nomes, o Ceratophrys aurita (Anura, Ceratophryidae) é uma espécie endêmica brasileira bem interessante.
Uma de suas principais características, além da coloração chamativa e variada em tons de verde e marrom, com manchas escuras nas costas, é a presença de “chifres” – na verdade, protuberâncias formadas por suas pálpebras.
Pode ser encontrado em pântanos de água doce, charcos permanentes e lagoas, mas a maior parte do tempo vive parcialmente enterrado em pequenas cavidades, galerias naturais ou escavadas, ou camuflado sob montes de folhas no solo de florestas, fora das quais não costuma ser encontrado.

Alcança grande tamanho (18 a 23 centímetros) e tem um comportamento agressivo quando provocado, inflando o corpo, emitindo um som forte e podendo morder o agressor. A cabeça corresponde a cerca de 1/3 do tamanho do corpo e sua boca é enorme, rodeada de placas semelhantes a pequenos dentes, que permitem a captura de suas presas, que vão de invertebrados e outros anfíbios a pequenos mamíferos, passando por répteis e aves. É um predador de espreita e costuma atrair suas vítimas agitando as patas no solo. Seus membros traseiros são curtos, contrastando com o corpo robusto. A cabeça e o dorso são fortemente ossificados.
A reprodução desta espécie ocorre em outubro e dezembro, após as fortes chuvas. Nessa ocasião, vários indivíduos reúnem-se para acasalar. As fêmeas, geralmente duas vezes maiores que os machos, são atraídas pelo seu coaxar e, após a fertilização dos óvulos, formam casulos espumantes ao redor dos ovos. Os girinos, também carnívoros, apresentam dentículos e um forte bico córneos. Alimentam-se de outros girinos e de pequenos peixes.
As maiores ameaças a esta espécie, que é rara, compreendem a perda de habitat por conta da agricultura ou outras atividades antrópicas. A captura para comercialização como animal de estimação no Brasil ou no exterior também é comum e precisa ser severamente reprimida.
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