Por Elidiomar Ribeiro da Silva
Biólogo, mestre e doutor em Zoologia. Professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), responsável pelo Laboratório de Entomologia Urbana e Cultural
invertebrados@faunanews.com.br
Dezembro, ano acabando, calor de rachar, férias para muitos… Momento das tradicionais retrospectivas do ano que se aproxima do final. Aqui neste espaço não fugirei da tradição, mas farei algumas adaptações específicas. Não falarei da coluna em si (convido que leiam tudo, não só da coluna Invertebrados, mas também de todo o Fauna News!) e, é claro, juntarei os anos de 2020 e 2021. Até porque a gente nem sabe mesmo o que ocorreu em um ou em outro – a pandemia da Covid-19 criou um biênio no nosso calendário, oxalá não se transforme em triênio.
Diante disso e de mais de 600 mil mortes parcialmente evitáveis de brasileiros, é difícil enxergar o copo como “meio cheio”. Mas, inegavelmente, uma das consequências mais diretas da pandemia, o isolamento social e a resultante diminuição da presença humana em certos espaços, trouxe alguns tipos de benefícios ao meio ambiente. A real é que, recolhidos às suas casas, os macacos-pelados (Homo sapiens – Primates: Hominidae) deixaram as cidades vazias, melhorando os índices ambientais. E as cidades começaram a receber mais visitas de integrantes da fauna silvestre, com os relatos sendo feitos pela imprensa e nas redes sociais [1]. Isso aconteceu no início da pandemia, quando ainda se levava mais ou menos a sério o tal do isolamento social (bem mais ou menos mesmo, porque, na realidade, nunca se levou a necessária medida à sério e, por isso, estamos pagando o preço, em vidas, até agora). Por sinal, o termo isolamento social é bastante inadequado, sendo mais bem definido como um isolamento físico. Pois a interação social nunca esteve tão alta, usando-se para tal a internet e suas redes sociais. E aí se chega no segundo benefício.
O isolamento físico, a reclusão em casa e a crescente conscientização sobre a necessidade urgente de se comunicar Ciência a todos resultaram no muito bem-vindo aparecimento de pesquisadores, individuais ou em grupos, dedicados à divulgação científica. Pensando nos animais e na defesa da biodiversidade, isso é particularmente necessário, em especial quanto aos bichos que não estão entre os mais queridos da população em geral. Exatamente como os insetos. Assim, homenagearei aqui algumas equipes que, a partir da pandemia, iniciaram ou incrementaram esforços na divulgação das maravilhas da biodiversidade entomológica brasileira. E será uma pequena amostra, meramente a título de exemplificação. Por favor, que se sintam devidamente representados nesta homenagem todos aqueles que trabalham com divulgação científica de insetos.
Eu, nascido, criado, crescido e parcialmente amadurecido em um mundo sem redes sociais da internet, naturalmente não tenho domínio amplo sobre esses incríveis recursos de interação e comunicação. Mesmo assim, uso bastante a internet, principalmente o Facebook, e é por isso que o presente texto será relativo a ele.
Se você gosta de insetos e usa o Facebook, três grupos são obrigatórios: Insetos do Brasil [2], criado em 2014 e que conta com quase 70 mil membros; Entomologia Brasileira [3], criado em 2012 e com mais de 20 mil membros; e Fotonaturalistas – Insetos [4], criado em 2013 e com quase mil membros. Esses grupos, de caráter colaborativo e dedicados à disseminação de informações relativas aos insetos brasileiros, são ótimos para se dirimir dúvidas, especialmente quanto à identificação de gêneros e espécies. Frequentemente são postadas fotografias em busca das identificações, além de informações sobre ecologia, distribuição, ciclo de vida e comportamento.
Os grupos Formigas do Brasil [5], criado em 2012 e com cerca de 1.500 membros, e Mirmecologia [6], criado em 2011 e com pouco mais de 500 membros, relativos a formigas (Hymenoptera: Formicidae), e a página Wikitermes [7], relativa aos cupins (Blattodea: Isoptera), compartilham interessantes informações sobre seus insetos de especialidade. Todos esses mencionados atrás, embora criados anteriormente, assumiram importante papel de divulgação científica nos atuais tempos de pandemia.
De linha semelhante são a página Cigarras do Brasil [8] e seu grupo associado [9], criado em 2020, em plena pandemia, e com quase mil membros. Relativos aos populares integrantes da família Cicadidae (Hemiptera), fazem divulgação científica sobre as espécies brasileiras de cigarras e promoção da ciência cidadã. Assim como as páginas Labbor – Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas [10], da Unicamp, e Borboletas e Mariposas [11], essas versando sobre os lepidópteros (Lepidoptera).
Revistas dedicadas à Entomologia também têm suas páginas no Facebook, sendo ótimas para se manter informado sobre o mundo dos insetos brasileiros. Destaco a EntomoBrasilis [12], periódico on-line fundado em 2008 pelo projeto Entomologistas do Brasil, e Entomology Beginners [13], criado em 2020 e dedicado à publicação de trabalhos de entomólogos iniciantes, dentro de uma abordagem amigável e humanística na relação editor-revisor-autor [14], e que recentemente promoveu um evento acadêmico relativo ao seu primeiro aniversário [15].
Também estão presentes no Facebook a Sociedade Brasileira de Entomologia [16], que mantém o periódico Entomologia, e a Sociedade Entomológica do Brasil [17], organizadora do periódico Neotropical Entomology. Programas de pós-graduação em Entomologia, como os da Universidade Federal de Viçosa [18], Universidade de São Paulo [19] e Universidade Federal do Paraná [20], também mantêm páginas ou grupos na rede social, sempre com novidades e interessantes informações entomológicas.
Por fim, muitos grupos e iniciativas de divulgação de informações sobre insetos podem, eventualmente, manter contas no Facebook, mas concentram mais esforços em outras redes. É o caso, por exemplo, do Inseto Pra Quê? [21], espaço para conversas, debates e divulgações, que é efetivamente bem mais presente no Instagram. Mas isso é tema para uma outra conversa. No mais, fica o desejo que todos passem um bom Natal e que o próximo ano traga mais momentos felizes do que os dois anteriores. Até 2022!
[1] https://9f1ecf4a-7aa0-44d1-89c9-43f5382c65eb.filesusr.com/ugd/b05672_096cf895292c4476a21975dbc6329b2b.pdf
[2] https://www.facebook.com/groups/insetosdobrasil
[3] https://www.facebook.com/groups/entomologia/about
[4] https://www.facebook.com/groups/fotonaturalistas.insetos/
[5] https://www.facebook.com/groups/336669989761055
[6] https://www.facebook.com/groups/16321323710050/
[7] https://www.facebook.com/wikitermes
[8] https://www.facebook.com/cigarrasdobrasil/
[9] https://www.facebook.com/groups/455872422240228/
[10] https://www.facebook.com/labborboletas
[11] https://www.facebook.com/Borboletas-e-Mariposas-765374180204932/
[12] https://www.facebook.com/EntomoBrasilis
[13] https://www.facebook.com/entomologybeginners
[14] https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/64949580/live-em-parceria-com-embrapa-acre-comemora-primeiro-ano-da-revista-entomology-beginners
[15] https://www.youtube.com/watch?v=ZNPIuzGuK6o
[16] https://www.facebook.com/SBEntomologia/
[17] https://www.facebook.com/SEB.entomologia
[18] https://www.facebook.com/UFV.Entomologia
[19] https://www.facebook.com/cursodeveraoentomologia
[20] https://www.facebook.com/entomologiaufpr
[21] https://www.facebook.com/groups/396879608326282
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