Raposa na Europa é fábula. No Brasil, a do campo é cordel

Nomes populares: raposa-do-campo, raposa-do-mato, raposinha-do-campo, raposa-brasileira, cachorro-de-dentes-pequenos, jaguapitanga
Nome científico: Lycalopex vetulus
Estado de conservação: “quase ameaçado” (NT) na lista vermelha da IUCN e “vulnerável” (VU) na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.

Integrantes da famosa “fofofauna”, as raposas estão desde sempre no imaginário das pessoas. Seja por conta de fábulas e filmes ou, mais recentemente, pela moda e bonecos de pelúcia.

Ainda na literatura, muitos foram levados a grandes reflexões a partir das palavras ditas pela raposa presente na obra de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, tais como: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

No Brasil, não temos as espécies de raposas do Hemisfério Norte, mas sim uma representante da mesma família (Canidae), tão interessante quanto suas primas famosas, também imortalizada na literatura, em um gênero muito popular no Nordeste: o cordel.

Endêmica do nosso país, a raposa-do-campo habita principalmente os Estados do Centro-Oeste, Sudeste e alguns do Nordeste. É visualizada principalmente no Cerrado, mas pode ser encontrada em áreas de transição do bioma com o Pantanal, com a Mata Atlântica e com a Caatinga.

De porte pequeno (aproximadamente 60 centímetros de comprimento e pesando quatro quilos, em média), as raposas-do-campo apresentam coloração acinzentada, com tons de marrom e amarelo nas extremidades (patas e orelhas). Possuem também uma linha preta no dorso e manchas da mesma cor na cauda.

São onívoras, alimentando-se principalmente de insetos, pequenos vertebrados e frutos. De hábitos crepusculares/noturnos, são muito importantes na dispersão de sementes e no controle das populações de suas presas.

As raposas-do-campo são animais solitários e monogâmicos. Os casais ficam juntos durante o crescimento dos filhotes, que nascem em tocas ou cupinzeiros abandonados escolhidos pela mãe. A gestação dura cerca de dois meses, ao final dos quais nascem cinco raposinhas.

Ameaças à raposa-do-campo

Infelizmente, a situação destes simpáticos animais não é das melhores. Atropelamentos, retaliação por supostos ataques a criações, doenças transmitidas por animais domésticos, obstrução da entrada de tocas com filhotes dentro delas por fazendeiros, entre outros fatores antrópicos, colocam suas vidas em risco.

A degradação do Cerrado, bioma comemorado em 11 de setembro e cujo desmatamento já está em torno de 50%, apesar de sua grande importância, é outra grande ameaça, uma vez que leva à perda de hábitat de várias espécies.

A raposa-do-campo está entre os canídeos brasileiros menos estudados e, citando novamente O Pequeno Príncipe, há um trecho em que a raposa diz: “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.”

Ou seja, para algumas pessoas, é preciso conhecer para que faça sentido conservar. Nesse sentido, algumas iniciativas vêm sendo colocadas em prática e hoje já sabemos, por exemplo, que raposas-do-campo não comem galinhas, o que no futuro poderá diminuir sua caça por retaliação de parte dos criadores.

Vídeo: Fauna Brasil – Universidade Federal Fluminense

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