Por Vitor Calandrini
Primeiro-tenente da PM Ambiental de Paulo, onde atua como chefe do Setor de Monitoramento do Comando de Policiamento Ambiental. É mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
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Nesta semana se inicia a época do ano mais colorida e viva, a primavera. Um período de reprodução para muitas espécies. E com ela também aumenta a preocupação com o tráfico de animais, que está muitas das vezes associado aos maus-tratos, seja aquele físico, caracterizado pelas formas degradantes de transporte e armazenamento de filhotes, como tubos de PVC, caixas de leite, porta-malas de veículos, como também pelos maus-tratos psicológico e ambiental, uma vez que o animal pode trazer consigo esses traumas, além de possivelmente perder sua função ambiental, uma vez que passará agora a ser um pet, ou seja, deixando de prestar serviços ecossistêmicos para servir como o animal doméstico de alguém.
Sendo assim, é comum, infelizmente, aumentar a apreensão de animais silvestres filhotes nessa época do ano, seja nas rodovias, advindos do transporte, como tivemos essa semana no munícipio de Pongaí, no interior de São Paulo, onde mais de 160 filhotes de papagaios- verdadeiros foram apreendidos em uma única ocorrência, mas também nas fiscalizações de denúncias em residências, uma vez que a choca também ocorre nas casas dos criadores e daqueles que criam irregularmente os animais silvestres em cativeiro, objetivando a exploração do animal como um recurso econômico, a exemplo do homem detido em Jales, com pelo menos 15 serpentes, além de aranhas, macacos e uma coruja.
Diante do início da primavera e também pelo fato de 21 de setembro ser o dia da árvore e do policial ambiental, a Polícia Militar Ambiental desencadeou nos dias 21 e 22 de setembro a Operação Jequitibá. Em diversos pontos do estado de São Paulo estão sendo realizadas ações voltadas a coibir o tráfico de animais e demais crimes ambientais.
Somente na data de ontem, foram mais de 10 ocorrências em que houve apreensões de dezenas de animais silvestres, destacando-se a ocorrida em Juquiá, onde em apoio a Polícia Rodoviária Federal foram apreendidos 14 pássaros silvestres que adentravam em território paulista pela rodovia Regis Bittencourt, sendo aplicada uma multa de R$ 45.500.
De fato, o combate ao tráfico de animais vai além das ações de fiscalização, pois, embora as apreensões e aplicação de multas continuem ocorrendo, vemos que ainda há mercado consumidor para esse tipo de “mercadoria”, como são tratados os animais silvestres. Então, se há algo que possamos fazer como sociedade para ajudar a combater essa prática terrível, sugeriria duas importantíssimas:
– não compre animais silvestres e, se decidir adquirir um, o faça de criador legalizado; e
– denuncie, pois como já disse Edmund Burke: “para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.
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