Por Marcelo Calazans
Técnico em agropecuária, administrador de empresas e fotógrafo. Foi professor da disciplina Fotografia de Natureza pelo Senac (MS)
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Como diz o título, vida selvagem e hospital combinam? A partir deste artigo, você verá que combina. E muito!
Vou apresentar para você o Hospital São Julião, aqui de Campo Grande (MS), e contar a história da entidade, a história de um personagem que é uma inspiração para mim e o porquê desse título aí… Acompanhe!
A história (resumida) começa há quase 80 anos, mais precisamente em 05 de agosto de 1941. O local é reconhecido como referência na região Centro-Oeste na área oftalmológica e na América Latina no tratamento da hanseníase. Dispõe de uma moderna estrutura física, com equipamentos de última geração que oferecem o que há de melhor e mais atualizado na terapêutica, prevenção e reabilitação da hanseníase e outras alterações dermatológicas. Realiza procedimentos oftalmológicos e cirurgias ambulatoriais, com atendimento a patologias clínicas.
Mas nem sempre foi assim.
O hospital tem sua origem em um programa do governo federal que, em 1941, instalou 36 asilos-colônia para isolar portadores da hanseníase. Naquela época ainda imperava o medo e o preconceito contra a doença, motivados pela desinformação e pela falta de entendimento da enfermidade. A partir de 1969, voluntários italianos da Operação Mato Grosso passaram a trabalhar no antigo “leprosário” e participaram do processo de recuperação física e social do Hospital São Julião. Formou-se então uma associação com benfeitores para dirigir e manter as atividades do lugar.
Hoje, o padrão de qualidade no atendimento é marca registrada do hospital, resultado da solidariedade e do respeito à vida de inúmeros colaboradores e dos esforços de seu corpo clínico e equipe de saúde. A estrutura atual engloba 70 construções espalhadas por 200 hectares, empregando 340 funcionários e oferecendo 130 leitos e um centro cirúrgico com seis salas operatórias. Noventa por cento dos atendimentos são custeados pelo SUS. O hospital tem o reconhecimento do Ministério da Saúde pela assistência a pacientes do SUS, recebendo prêmio de qualidade hospitalar na região Centro-Oeste.
Os serviços prestados pela entidade são considerados imprescindíveis para a recuperação dos pacientes com hanseníase e o atendimento de fisioterapia e terapia ocupacional estende-se a outros pacientes. O hospital dispõe de oficina ortopédica especialmente direcionada à produção e adaptação de calçados e palmilhas especiais. Para agilizar a assistência médica ambulatorial e os serviços cirúrgicos, a unidade para exames laboratoriais, que antes eram realizados fora do lugar, foi integrada à sua estrutura funcional. Além de viabilizar diagnósticos, facilita o controle das condições sanitárias do complexo hospitalar.
No São Julião, além da assistência à saúde, há um compromisso com a integração e o bem-estar da comunidade interna e externa. Sua estrutura operacional conta com as seguintes unidades: o atendimento à educação infantil é feito por uma creche destinada a filhos de funcionários. No setor religioso, o hospital tem a capela como ponto de referência e dispõe de locais para cultos evangélicos e de crença espírita. No lazer, a prática desportiva e outras atividades são oferecidas na quadra de esportes da instituição. Além disso, os moradores dos bairros próximos fazem caminhadas por suas ruas e avenidas arborizadas, cenários de muitos ensaios fotográficos.
O Hospital São Julião está localizado a 15 quilômetros do centro de Campo Grande, junto a nascentes de córregos, área de vegetação de cerrado e mata ciliar. Suas unidades arquitetônicas estão em harmonia com os elementos da natureza, numa ambientação que exala placidez e beleza.
No complexo do hospital, há casas e pavilhões construídos na década de 1940 para sediar o então asilo-colônia que citei no começo do artigo. Essas construções foram reformadas e restauradas a partir de 1970. Novos prédios foram criados atendendo os mais modernos conceitos de atendimento hospitalar.
Para saber mais sobre a instituição, acesse www.saojuliao.org.br
Gato-mourisco, ouriço-caxeiro, corujinhas do mato e outras espécies fazem parte da fauna que habita o local. No próximo artigo, a história de um personagem que é uma inspiração para mim, qual a relação dele com o local e com a fauna e muito mais.
Até lá!
Fontes: Campo Grande.net, Correio do Estado e Topmídia