
Casal que há mais de 30 anos viaja até os lugares mais remotos do Brasil para fotografar a natureza. São adeptos da ciência cidadã, ou seja, do registro e fornecimento de dados e informações para a geração de conhecimento científico
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Conhecemos o Parque Estadual Intervales em 2010, em uma de nossas viagens para observação de aves. Nessa época, desconhecíamos que existia uma comunidade de observadores e fazíamos nossas viagens para fotografar as belezas das aves e para estar em contato com a natureza de forma bem solitária, como se não existissem outras pessoas praticando o mesmo hobby. Nessa viagem, nos hospedamos no hotel Paraiso Eco Lodge e tivemos a sorte de conhecer o Sr. Amaro Alves, um dos pioneiros da observação de aves no Brasil, que nos orientou nos primeiros passos dessa atividade que tanto enriqueceu nossas vidas. Na região, sempre recebemos apoio e orientações do amigo Jackson Delphino, que hoje trabalha no parque e gentilmente nos cedeu algumas fotos de sua autoria do local.
Desde 2010, fizemos várias viagens para Intervales e ainda iremos fazer muitas outras para esse local de natureza ímpar.
A interessante história do Parque Estadual Intervales
Na década de 50, a Companhia do Incremento Rural do Altiplano Paulista (Cirap) instalou-se na serra de Paranapiacaba com a intenção de implantar um projeto agropecuário que não foi bem-sucedido. Como consequência, a Cirap perdeu suas terras para o Banco do Estado de São Paulo (Banespa), que fez as primeiras obras de infraestrutura nessas terras, abrindo estradas, bases de vigilância e construiu uma pequena vila com saneamento básico, onde é o atual espaço da sede da unidade de conservação. Na época, foi também instalada uma fábrica para beneficiamento de palmito na região da Sede.

Na década de 1980, com a decretação da Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar, a então Fazenda Intervales foi a ela incorporada, passando para a administração da Fundação Florestal em 1987. Em 1995, foi assinado o Decreto dando à reserva o status de Parque Estadual, que hoje possui uma área de quase 42 mil hectares.
O nome Intervales corresponde ao termo “entre os vales”. O relevo é predominantemente montanhoso, com altitudes que variam de 80 a 1.200 metros, tendo mais de 150 cavernas catalogadas e com a presença de uma rica biodiversidade da Mata Atlântica.
Já foram registrados dentro dos limites do parque mais de 700 espécies de invertebrados, 49 de peixes, 101 de anfíbios, 44 de répteis, 121 de mamíferos e 441 de aves registradas no Wikiaves em Ribeirão Grande. A área protegida possui espécies ameaçadas e variadas da fauna como a jacuntinga, a onça-pintada, o mono-carvoeiro dentre outras.
A sua flora possui mais de 650 espécies coletadas e identificadas.
A Unesco deu o título de Patrimônio Natural da Humanidade para a área que compreende o Parque Estadual de Intervales, o PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), o Parque Estadual Carlos Botelho e a Estação Ecológica Xitué.
Como chegar
A sede do parque fica na cidade de Ribeirão Grande, cerca de 260 quilômetros da cidade de São Paulo. Todo o trajeto é feito em excelentes rodovias, sendo apenas os últimos 25 quilômetros, que ligam Ribeirão Grande ao parque, em estrada de terra.
Opções de Hospedagem

Existem quatro pousadas dentro do Parque: Onça Pintada, Pica Pau, Esquilo e Lontra. As pousadas são simples e com preços bem acessíveis. Recomendamos que a reserva seja feita antecipadamente por telefone com a administração do parque. Na unidade de conservação também existe um restaurante para café da manhã e refeições.
Outras opções para hospedagem são o Paraiso Arte Hotel e o Paraiso Eco Lodge, que ficam cerca de 10 quilômetros do parque e possuem excelentes acomodações e florestas cujas as matas se juntam às do parque.
Os guias locais são excelentes
Os passeios pelas trilhas ou a ida a cavernas devem ser feitos com os guias do parque, os quais também devem ser contratados antecipadamente por telefone com a administração. Tivemos a oportunidade de ser guiados pelo Sr. Luiz, pelo Betinho e pelo Renato.
Os guias são conhecedores de todas as aves locais e suas vocalizações e se dedicam ao máximo para que os observadores possam registrar o maior número de espécies possíveis. O trabalho deles é elogiável.
Além das passarinhadas, pode-se também aproveitar a viagem e conhecer algumas das lindas cavernas do parque.
Passarinhar em Intervales: expectativa de grandes surpresas
Em todas passarinhadas que fizemos em Intervales e no hotel Paraiso Eco Lodge, sempre tivemos o sentimento de que a qualquer momento poderia aparecer aquele lifer (primeiro registro) tão esperado ou aquela ave de difícil observação que, de repente, pousa no limpo para suas fotos.

Em mais de uma vez ficamos muito próximos da difícil sabiá-cica, que lá pode ser observada com relativa facilidade. Um falcão-caburé ficou pousado diante de nossos olhos vários minutos para nossas fotos, a linda maria-leque-do-Sudeste está sempre presente na região, um lindo casal de saí-de-pernas-pretas foi flagrado construindo um ninho, um macuru estava pousado no limpo que parecia nos observar durante as fotos, uma tovaca-campainha ciscava calmamente na estradinha do parque, um bando de cuiú-cuiú se alimentava em uma fruteira durante todo o dia e um belo beija-flor-de-topete-azul pousou em um galinho a poucos metros e ali ficou por muito tempo. Sempre lembramos desses momentos especiais e da felicidade que vivenciamos, os quais estão registrados em fotos e em nossos corações.
Fontes: Wikipédia, Wikiparques e WikiAves

















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