PAN Ungulados: translocação como estratégia de conservação

Os Planos de Ação Nacional para Conservação tem como objetivo estabelecer estratégias para se reduzir o risco de extinção da fauna.

Instituto Libio

O Instituto Libio desenvolve projetos de conservação ambiental e proteção da fauna silvestre brasileira. Promovemos a proteção da fauna por meio do manejo responsável, acolhimento, soltura na natureza e educação ambiental visando inibir o tráfico e a caça, além de atuar na proteção de ambientes naturais e na recuperação de áreas degradadas.
Desde 2010, acolhemos animais vítimas do tráfico e maus-tratos. Muitos desses animais que não têm condições de soltura na natureza são acolhidos e cuidados em nosso mantenedouro (Porto Feliz – SP) com o objetivo de terem uma qualidade de vida mais digna. Os animais que podem ser soltos na natureza, fazemos um trabalho de reabilitação para depois a soltura branda em parceria com outras instituições.
Tatiane Rech

Bióloga, mestra em Conservação da Fauna e diretora executiva do Instituto Libio.

26 de agosto de 2024

FAUNA NEWS PAN Ungulados: translocação como estratégia de conservação

Na semana de 19 de agosto, foi realizada a oficina de avaliação final do 1º ciclo do Plano Nacional para a Conservação dos Ungulados (PAN Ungulados). O encontro foi realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do ICMBio, em Atibaia (SP), que é o responsável pela coordenação deste plano.

Um dos objetivos específicos do PAN é a implementação de estratégias de manejo e conservação de populações pequenas e/ou isoladas. Isso envolve diversas ações relacionadas a translocação e reintrodução de espécies, como a promoção de programas de reintrodução, o fortalecimento de projetos, a identificação de áreas potenciais para essas atividades e a realização de reuniões técnicas para discutir a translocação de ungulados.

De acordo com as Diretrizes para Reintroduções e outras Translocações para Fins de Conservação, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), a translocação é definida como o movimento intencional de organismos vivos entre áreas, com o objetivo de conservar uma espécie, população ou ecossistema. Esse conceito foi adotado pelo PAN.

Durante a vigência do PAN, foi promovido um workshop sobre translocação de ungulados brasileiros, com o objetivo de gerar orientações que contribuam para a conservação das espécies contempladas pelo plano. Essa iniciativa, juntamente com outras frentes de trabalho, visa garantir a viabilidade populacional das espécies de ungulados ameaçados em todos os biomas onde ocorrem.

Translocação

Entre os destaques relacionados à translocação das espécies-alvo, estão os avanços significativos no número de projetos de translocação realizados e implementados. Esses resultados representam um progresso importante para a conservação dessas espécies, evidenciando o impacto positivo das ações promovidas pelo PAN.

Para a queixada (Tayassu pecari), muitas iniciativas foram movimentadas para fortalecer as estratégias dessa espécie, como a soltura de 90 indivíduos no Parque Estadual das Lauráceas (PR) e de outros 17 em área de soltura do Ibama no Sul da Bahia. Para a anta (Tapirus terrestris), destaca-se a população reintroduzida no Rio de Janeiro que conta com 22 animais atualmente, sendo cinco nascidos na natureza (o projeto ainda está em andamento). Para o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), um novo programa de reintrodução foi iniciado com um convênio entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp) Jaboticabal e Tijoá Energia, com a ampliação da população cativa, há uma expectativa de em dois anos iniciar as solturas.

O encontro contou com a equipe do Cenap, os membros do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) e colaboradores, que acompanharam a execução do PAN durante seus cinco anos de vigência. Entre as instituições envolvidas no acompanhamento do PAN Ungulados estão o Instituto Libio, a ViaFAUNA, a Universidade Federal do ABC, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Tropical Sustainability Institute (TSI), o Instituto Federal do Rio de Janeiro, a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (Incab-IPÊ) e o Instituto Manacá.

Sobre o PAN

Os Planos de Ação Nacionais para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção têm como principal objetivo reduzir, suprimir ou mitigar as ameaças que colocam as espécies da fauna em risco de extinção. Eles são instrumentos de gestão construídos de forma participativa, com metas e objetivos definidos em um horizonte temporal específico.

O PAN Ungulados, publicado em 2019 pela Portaria nº 356, de 25 de julho de 2019, teve como objetivo promover a viabilidade populacional de espécies ameaçadas em todos os biomas de sua ocorrência. O plano estabelece estratégias prioritárias de conservação para sete táxons ameaçados de extinção, todos classificados na categoria VU (vulnerável): cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), veado-mão-curta (Mazama nana), veado-mateiro-pequeno (Mazama jucunda), veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus bezoarticus e Ozotoceros bezoarticus leucogaster), anta (Tapirus terrestris) e queixada (Tayassu pecari).

Próximos passos

Após a consolidação dos resultados dessa oficina, esses dados serão integrados e disponibilizados na página do PAN Ungulados. Além disso, o grupo está elaborando a justificativa para a realização de um novo ciclo do plano, visando dar continuidade às ações para a conservação desses animais.

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Sobre o autor / Instituto Libio

O Instituto Libio desenvolve projetos de conservação ambiental e proteção da fauna silvestre brasileira. Promovemos a proteção da fauna por meio do manejo responsável, acolhimento, soltura na natureza e educação ambiental visando inibir o tráfico e a caça, além de atuar na proteção de ambientes naturais e na recuperação de áreas degradadas. Desde 2010, acolhemos […]