Por Luciana Ribeiro
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Nomes populares: zogue-zogue, titi
Nomes científicos: Plecturocebus miltoni e Plecturocebus grovesi
Estado de conservação: não constam na lista vermelha da IUCN nem na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Ultimamente, temos abordado aqui várias espécies que só recentemente foram identificadas e descritas. Essas descobertas são fruto de um intenso trabalho realizado em campo e na academia por pesquisadores dedicados. Além dos animais, são pesquisadas também novas espécies de plantas e fungos. É um esforço de enorme importância científica e de conservação.
Em 2014 e 2018, duas novas espécies de primatas foram descritas por pesquisadores brasileiros. São eles o Plecturocebus miltoni, descoberto em 2014, e o Plecturocebus grovesi, descrito em 2018, macacos popularmente chamados de zogue-zogue ou titi.
Os zogue-zogues são agrupados em três gêneros, definidos pela sua distribuição geográfica. Callicebus, que vive no leste brasileiro; Cheracebus, com ocorrência nas bacias dos rios Orinoco, Negro e Alto Amazonas; e Plecturocebus, gênero das novas espécies, encontrado na Amazônia meridional e na região do Chaco paraguaio.
O Plecturocebus miltoni foi encontrado no interflúvio dos rios Roosevelt e Aripuanã (MT e AM), enquanto o Plecturocebus grovesi habita o interflúvio do rio Juruena com o rio Teles Pires (MT), perto de Alta Floresta. O Plecturocebus grovesi chegou a ser avistado recentemente em um parque florestal na cidade de Sinop.
Mas, assim como acontece com outras espécies recém descritas, esses macacos já podem estar com sua existência ameaçada. Primatas neotropicais como eles são quase exclusivamente arborícolas e não sobrevivem em áreas sem cobertura florestal.
As recentes queimadas, a extração de madeira, a monocultura de grãos, a pecuária, além de obras de infraestrutura como hidrelétricas, já exercem uma grande pressão sobre a diversidade genética de muitas espécies, principalmente sobre as endêmicas (que existem somente em uma região), como esses zogue-zogues.
A projeção de perda do habitat desses macacos é alarmante. Pesquisadores estimam que se a ampliação da fronteira agrícola continuar no ritmo atual, em menos de 25 anos mais de 85% do habitat natural do Plecturocebus grovesi será destruído.
Talvez não haja tempo para que os cientistas estudem e conheçam em detalhes as características e os hábitos das novas espécies.