Por Estevão Santos
Nascido em 2005 em Goiânia (GO), é um ávido observador de aves desde 2013. Suas fotos já são base de trabalhos científicos. Palestrante do Avistar, mantém o Projeto Avifauna de Goiás no Instagram
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Costumo encarar a observação de aves como uma prática e não como uma atividade. Isto porque o termo “atividade” costuma designar um ato geralmente corriqueiro, esporádico e, talvez, pontual. O genuíno observador de aves tem olhos para o universo alado a todo instante.
Posta essa comparação, é importante salientar que, em especial no Brasil, território noviço na observação de aves, uma variedade de alocuções infundadas pairam acerca desta prática – uma delas são as restrições, as quais abordaremos em seguida. É certo que os mitos que orlam a observação são um dos grandes empecilhos para um hábito mais difundido. Mas destacam-se, entre verdades, um dos mais valiosos atributos da observação empírica: valiosas contribuições à pesquisa científica e à conservação.
Não por menos. Os observadores constituem verdadeiras legiões de aficionados pelo meio natural e de protetores de suas formas de vida. De fato, a observação de aves deve ser tratada como uma das mais notáveis chaves para uma compreensão avançada da avifauna e, analogamente, para a elaboração de estratégias a sua conservação. É no mínimo incrível que, mesmo a comunidade acadêmica atuando presentemente como pesquisadora de um mundo encaminhado ao desaparecimento, uma prática que alie a conservação, a ciência e o lazer surja e se incremente, ainda que gradualmente, entre os olhares sensíveis. Uma luz?
Uma esperança. Distante de nossas pecaminosas rotulações.
Substancialmente, não requer equipamentos refinados ou qualquer material de origem humana. Visão e audição auxiliam no desenvolvimento de uma singela ação: escutar um piado de passarinho. E, agradados e envoltos pela sombra da mata, ao som de uma melodia alada, os passarinheiros, termo esse recentemente popularizado, posteriormente depositarão suas informações acumuladas em cadernetas, binóculos ou máquinas fotográficas nos bancos de dados, que seguirão para os laboratórios e enfim, para a produção de resultados. Formou-se o ciclo da ciência cidadã.
Afinal, se pesquisador é quem contribui para a Ciência, os observadores de aves são, para além de cidadãos-cientistas, pesquisadores e embaixadores da conservação.
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