O recebimento de animais repatriados de outros Cetras

O trabalho em rede de centros de triagem e reabilitação de animais silvestres (Cetras) e centros de reabilitação de animais marinhos (Cram) é essencial e não pode deixar de ser uma premissa. Um centro depende do outro para que o fluxo de recebimento e repatriação de espécimes funcione de forma adequada, conforme foi relatado no artigo “Impacto da repatriação no fluxo de animais dentro de um Cetras”, publicado nesta coluna em 17 de julho.

Com toda certeza, o repatriamento é o que mais demanda esforço e dinâmica de gestão: não há uma data certa para que aconteça, nem a quantidade de animais que será destinada. Sabemos, simplesmente, que em determinados períodos do ano, há maior propensão de entrada de indivíduos de determinadas espécies devido aos períodos reprodutivos, em que a captura e o tráfico aumentam.

O recebimento desses animais repatriados, ou seja, vindo de outros centros para soltura em seu hábitat, deve ser algo orquestrado de forma extremamente minuciosa e com detalhes que envolvam o bem-estar como premissa fundamental. Qualquer passo errado pode significar o retrocesso em todo processo de reabilitação já adquirido no seu centro de origem.

Preparativos para a repatriação

Preparativos que antecedem a viagem precisam ser estudados e dialogados entre ambos os centros (o que enviará e o que receberá o animal) para que as melhores condições sejam oferecidas. Por exemplo, se a viagem for via terrestre e ultrapassar um dia, os animais vão precisar ficar no Cetras por um período de recuperação até ir para área de soltura.

Caso seja via aérea ou terrestre e não ultrapasse um dia de transporte, podemos avaliar a opção de enviar os animais diretamente à área de soltura caso a mesma tenha soft release (soltura branda) para que eles se recuperarem da viagem já no local onde será soltos.

Mas tudo pode voltar ao início do processo de triagem e reabilitação caso algo não saia conforme previsto no processo de repatriamento ou até mesmo as informações sobre os espécimes e os processos realizados não sejam repassados de forma clara e integral. Essa falta de dados faz com que os animais passem a ter o mesmo tratamento dos que chegam oriundos do tráfico sem histórico definido.

Dessa forma, conseguimos ter grandes êxitos em repatriamentos como são os casos citados no artigo anterior e em muitos outros. O Cetras Tangará, da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), recebe, em média, cinco repatriamentos por ano e todos geralmente são da região Sudeste (pelo ato de animais das espécies da Caatinga estarem entre os animais mais traficados do Brasil). São cerca de 150 espécimes em cada ação dessas.

Reforço que o diálogo entre os Cetras é essencial para o êxito de ações de repatriamento e, assim, garantir a conservação das espécies em seus devidos hábitats.

Momento da abertura do viveiro de ambientação para retorno dos animais à vida livre – Vídeo: CPRH

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