
Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica veterinária, mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu)
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Neste ano, o tema escolhido para homenagear os médicos veterinários pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária é a Saúde Única (One Health).
Cada vez mais vemos a importância dessa abordagem, pois reconhece que a saúde da população depende das interações entre doenças humanas e animais. Em um mundo globalizado, humanos e animais interagem com maior frequência e proximidade. Essa interação oferece a oportunidade para o surgimento e disseminação de patógenos que podem ter um impacto adverso na saúde ambiental, animal, humana ou em ambas.
Doenças infecciosas emergentes, resistência antimicrobiana, interação da saúde humana com os sistemas agrícolas e a importância da vida selvagem são os principais motivos para os quais a saúde pública e a veterinária devem ser consideradas em uma visão globalizada.
De acordo com estudos científicos, 61% dos patógenos conhecidos podem infectar várias espécies animais e 75% de todas as doenças que surgiram nas últimas duas décadas são de origem selvagem. Infecções emergentes e reemergentes são agora reconhecidas como um problema global e 75% delas são potencialmente zoonóticas.
As zoonoses emergentes são apenas uma das várias consequências dos sistemas agropecuários tradicionais, juntamente com o consumo de antimicrobianos, a interrupção dos ciclos de nutrientes, as emissões de gases de efeito estufa, a caça e o consumo de animais selvagens, o tráfico de fauna, a bioinvasão e o crescimento urbano desenfreado.
Os médicos veterinários têm uma longa história de envolvimento com as atividades da One Health e esse envolvimento se ajustou às necessidades de mudança da sociedade e ao surgimento de pandemias, como Sars-CoV-2 (Covid-19). Uma nova área de trabalho para os médicos veterinários é a saúde do ecossistema, que está se tornando mais relevante devido ao impacto que a crescente população humana está tendo sobre o meio ambiente que a sustenta.
Como já dizia nosso magnífico Charles Darwin: “Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente; em vez disso, são aqueles que mais se adaptam às mudanças”. E a Saúde Única é a resposta!
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