
Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: tracajá (fêmeas), zé-prego (machos)
Nome científico: Podocnemis unifilis
Estado de conservação: “vulnerável” na lista vermelha da IUCN e “quase ameaçado” no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção ICMBio
Se estiver passeando em alguma região nas bacias dos rios Amazonas e Tocantins-Araguaia, provavelmente terá contato com um animal muito conhecido na localidade, o tracajá. Parente sul-americano de Leonardo, Raphael, Donatello e Michelangelo, esse quelônio ocorre no Brasil, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname e vem sendo bastante ameaçado, uma vez que costuma ser consumido pelas populações ribeirinhas, que realizam a captura através de caça ilegal, tanto de jovens quanto adultos, e a coleta de seus ovos.
Primo da famosa tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), tanto um quanto a outra são, na verdade, cágados, pois retraem o pescoço em um plano horizontal (para o lado). Sua dieta é onívora.
Apresenta coloração escura na pele e na carapaça e manchas amarelas na cabeça, bem acentuadas nos filhotes e aparentes nos machos adultos, sendo ausentes nas fêmeas. Costumam atingir até 70 cm e pesar cerca de 8 kg. Os machos são menores que as fêmeas, porém com a cauda maior.
As membranas entre seus dedos facilitam a natação. Esse animal habita rios de águas claras e escuras, lagos, pântanos, brejos e lagoas, passando a maior parte do tempo na água, saindo por algumas horas durante o “banho de sol” e na época da desova.

Aliás, é durante a postura que o tracajá fica extremamente vulnerável, podendo ser capturado com maior facilidade, já que é mais lento em terra do que na água.
Costumam depositar entre 10 e 30 ovos em covas que cavam em barrancos na margem de rios, camuflando-os com lama e folhas. A temperatura dos ninhos determina o sexo dos filhotes, sendo as fêmeas consequência de uma temperatura mais alta. Este fator é o resultado da combinação de vários outros, como tipo de solo, umidade e profundidade. Após o período de incubação, os recém-nascidos deixam os ninhos em direção à água, ficando vulneráveis a jacarés, onças, aves e peixes.

Em alguns lugares, os tracajás costumam ser oferecidos como iguarias, o que contribui para o declínio de suas populações. O desmatamento e a poluição das cabeceiras dos rios também são fatores que influenciam a diminuição no número de indivíduos da espécie, que em seu habitat natural podem viver entre 60 e 90 anos.
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