Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: sucuri, sucuri-verde, arigbóia, anaconda, boiaçu, boiçu, boiguaçu, boioçu, boitiapóia, boiuçu, boiuna, sucuriju, sucurijuba,sucuriú, sucuruju, sucurujuba e viborão
Nome científico: Eunectes murinus
Estado de conservação: “pouco preocupante” (LC) na lista vermelha da IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Sucuris, também chamadas de anacondas, são as serpentes pertencentes a um grupo formado por quatro espécies do gênero Eunectes: Eunectes murinus (sucuri-verde), Eunectes notaeus (sucuri-amarela), Eunectes deschauenseei (sucuri-malhada) e Eunectes beniensis (sucuri-da-bolívia), sendo Eunectes murinus a mais conhecida.
Com exceção da Eunectes beniensis, boliviana, as demais ocorrem no Brasil, habitando vários Estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Amapá, Amazonas e região do Cerrado), além de outros países da América do Sul.
Apresentam grande porte e são semiaquáticas, podendo ser encontradas em igarapés, córregos, rios, pântanos, lagoas e suas proximidades.
De todas, a sucuri-verde ou anaconda-verdadeira é a maior. As fêmeas alcançam por volta de cinco metros, podendo chegar a seis. Já os machos medem aproximadamente 3,5 metros. Apresenta, como o nome indica, uma coloração com o fundo variando de verde oliva a preta, com manchas escuras em cada lado do corpo.
A sucuri é a segunda maior serpente do mundo, sendo superada apenas pela píton-reticulada. Há registros confirmados de exemplares com oito metros e a maior já registrada por fonte confiável media 11,6 metros e foi reportada pelo Marechal Rondon.
De hábitos noturnos, as sucuris-verdes são excelentes nadadoras e caçadoras de espera, muitas vezes surpreendendo suas presas quando estas vão beber água. Neste momento, dão o bote e enroscam-se ao redor das mesmas, matando-as por asfixia ou afogamento. Sua musculatura forte permite que exerçam essa ação com maestria.
Sua dieta é formada basicamente por pequenos e médios vertebrados, como peixes, aves aquáticas, jacarés e veados, entre outros.
Há alguns relatos e até mesmo filmagens de humanos devorados por sucuris, mas não há embasamento científico que confirme a veracidade de tais situações, sendo consideradas invenções e montagens. O homem não faz parte de sua dieta, não sendo caçado por elas. Seu tamanho e porte majestoso dão asas à imaginação humana, o que levou, inclusive, a uma franquia no cinema, iniciada em 1997 e atualmente composta por cinco filmes.
Vivíparas (os filhotes desenvolvem-se no interior do corpo da mãe, nascendo totalmente formados), dão à luz cerca de 20 a 40 cobras a cada gestação, não apresentando cuidado parental. São animais que podem viver até os 30 anos, mas graças à ação humana, essa longevidade tem chegado, geralmente, aos 10 anos. A maturidade sexual é atingida aos seis anos.
Sucuris, assim como os outros répteis, são ectotérmicas, necessitando de longos banhos de Sol, como forma de aquecimento corporal. Isso explica o fato de algumas serem vistas à luz do dia. Elas não são agressivas, mas nem pense em aproximar-se de uma, seja nessa situação seja quando ela estiver fazendo a digestão, que é lenta e a deixa em situação de repouso. Como qualquer animal selvagem, a sucuri pode reagir mordendo, o que não seria uma experiência agradável. Além disso, no caso da digestão, ela pode regurgitar a presa, podendo ser prejudicada.
A ignorância a seu respeito e a divulgação de boatos e enfoques fictícios sobre seus hábitos podem ser responsáveis pela sua eliminação por parte de algumas pessoas. Além disso, a atividade humana, seja na destruição e comprometimento de habitat seja na caça ou captura de exemplares para tráfico e venda como animais de estimação, ou ainda para a indústria da moda, são fatores preocupantes que explicariam a atual falta de sucuris gigantes na natureza.
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