
Biólogo e mestre em Gestão e Auditoria Ambiental com ênfase em Educação Ambiental. É analista ambiental do Ibama, sendo ponto focal do Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do órgão no RS
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Em tempos de pandemia, podemos nos questionar se existe espaço para a educação ambiental visando a conservação da fauna silvestre. Precisamos lembrar que a pandemia está diretamente relacionada com a exploração da fauna silvestre. A origem da Covid-19 vem de morcegos e pangolins vendidos nos mercados da China.
Aliás, a maioria das doenças atuais tem parte do seu ciclo em animais silvestres. Seja porque desmatamos áreas onde antes os animais viviam seja através da venda e posse de animais em cativeiro não legalizado. Assim, zoonoses (doenças transmitidas de animais para os homens e vice-versa) como ornitose, leptospirose, tuberculose, leishmaniose, raiva, e até hanseníase podem ser oriundas do contato com animais que foram caçados ou estão em cativeiro ilegal.
Nesse sentido, o Ibama desenvolveu uma Campanha Nacional de Proteção à Fauna, um programa de educação ambiental para a proteção da fauna silvestre brasileira. Nessa campanha, agentes públicos de meio ambiente, saúde e segurança, professores e alunos da educação infantil e ensino fundamental, e estudantes universitários são capacitados sobre os temas relevantes em relação à caça e ao tráfico de animais silvestres.
O lema da campanha “Isso acontece porque você compra”, com fotos de situações reais de maus-tratos, procura mostrar que só existe o tráfico de animais porque existe um mercado consumidor. Funciona de maneira semelhante ao tráfico de drogas. O traficante de animais adquire os espécimes geralmente de pessoas pobres do meio rural, às vezes sendo ele o atravessador, ou contratando alguém para fazer o transporte dos animais. Também está cada vez mais comum a venda de animais pela Internet, em especial nas redes sociais.
Algumas pessoas pensam até que estão fazendo um bem ao adquirirem esses animais, mas, na verdade, acabam estimulando os traficantes a capturarem mais exemplares na natureza. Além da terrível situação de maus-tratos em que esses animais são transportados, apenas a minoria deles sobrevive. Ou seja, a pessoa que adquiriu acabou, sem saber, incentivando a morte de muitos outros espécimes.
Há há materiais disponíveis no Instagram do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama do Rio Grande do Sul. Utilizamos também animações. Tudo foi todo elaborado pelo próprio Ibama, que iniciou esse trabalho na unidade do Piauí.
Especialmente do Ibama do Piauí utilizamos vídeos para crianças que estão disponíveis no YouTube do colega que desenvolveu esse material, o veterinário e analista ambiental Sandovaldo Moura. Além disso, o canal de denúncias anônimas do Instituto, a Linha Verde, continua funcionando no 0800-618080.
Embora não estejamos fazendo, no momento, devido a pandemia, um trabalho de educação ambiental de formação, podemos continuar comunicando a respeito do tráfico de animais, da caça e dos malefícios para toda a sociedade.
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