Fotografia de vida selvagem: retrospectiva 2024

Olá, tudo em ordem por aí? Este será meu último artigo do ano aqui na coluna Photo Animal, então decidi fazer uma pequena retrospectiva do que rolou no universo da fotografia de vida selvagem (e um pouquinho da minha relação com ele) em 2024.

Logo no começo do ano, nas primeiras semanas de janeiro, tive o prazer de viajar para o Parque Nacional do Itatiaia (RJ) e registrar algumas das espécies nativas de lá. Entre alguns dos maiores destaques, fotografei tucanos-de-bico-verde, esquilos, macacos-prego, saíras-sete-cores, anuros (sapos, rãs e pererecas) e uma enorme variedade de beija-flores, além das lindíssimas cachoeiras do parque. Ainda por cima, tive um encontro-relâmpago com uma irara, um predador extremamente raro e elusivo, que não me deu tempo suficiente para capturá-lo com a câmera.

Foi lá no meio da mata do Itatiaia que também encontrei e bati um papo com o fotógrafo australiano Christian Spencer, autor de uma das fotos mais únicas que já vi: um beija-flor voando contra o sol e exibindo a iridescência de suas penas, imagem que foi extensamente reconhecida e premiada internacionalmente em 2019. Há 20 anos, Christian saiu da Oceania para ir atrás de sua paixão, a Mata Atlântica, e de lá não saiu. Hoje, passa seus dias fotografando a fauna local e pintando belos quadros que são vendidos em seu ateliê, além de ser voluntário na unidade de conservação.

Ainda no mesmo mês, o fotógrafo espanhol Jaime Rojo teve anos de seu trabalho sintetizado em uma maravilhosa reportagem. Há quase duas décadas, ele acompanha a rotina e a migração das borboletas-monarcas na América do Norte, registrando seus comportamentos e a relação desses insetos com as pessoas (nas diferentes culturas, na agricultura, na Ciência, etc.). Para quem tiver interesse, vale a pena conferir a história publicada na National Geographic.

Já em março, pude ver um grande acontecimento da fotografia de natureza brasileira. A exposição Água Pantanal Fogo, promovida pelo Documenta Pantanal e exibida no Instituto Tomie Ohtake, na cidade de São Paulo (SP). O evento teve como objetivo evidenciar a necessidade de proteção do bioma. Isso foi feito através de um contraste de imagens de dois artistas. Luciano Candisani contribuiu com fotos de um Pantanal saudável, mostrando a importância da água para os animais e o ambiente, enquanto Lalo de Almeida trouxe cenas muito impactantes da devastação causada pelas queimadas.

Alguns meses depois, em junho, recebemos mais uma ótima notícia para os fotógrafos brasileiros. Fernando Faciole foi finalista e ganhou a escolha popular do concurso Environmental Photography Award 2024, na categoria “Change Makers: Reasons for hope” (Agentes de Mudança: Razões para a Esperança). Em parceria com o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas), ele documentou a soltura de um tamanduá-bandeira durante a noite no Cerrado. Em agosto, ele me concedeu uma ótima entrevista aqui na coluna sobre essa foto e as premiações que recebeu, recomendo a leitura caso tenha perdido.

Além da matéria do Jaime Rojo, a NatGeo publicou outras histórias interessantíssimas de diversos fotógrafos ao longo de 2024, mas infelizmente não consigo cobrir todas aqui no artigo. Caso tenha interesse, há pouco tempo eles divulgaram essa lista das melhores fotografias de vida selvagem do ano, juntamente com os links para as respectivas matérias de cada autor.

Voltando à nossa linha do tempo, nas férias de julho estava ocupado me mudando da cidade onde estudava e não consegui fotografar muito. Apenas me despedi do Horto Florestal de Rio Claro (SP) com algumas fotos de um jacaré-de-papo-amarelo, que foi introduzido lá para controlar a população de capivaras (acabou controlando somente as migalhas de pão jogadas pelos visitantes e não cresceu mais do que 1,30 metro de comprimento).

Em setembro, participei do curso de Comunicação para a Conservação, sediado em Campo Grande (MS). O evento, organizado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) e pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), reuniu profissionais de diversas áreas (jornalismo, pesquisa, comunicação, administração, redes sociais, etc.) para discutir a importância (e a forma) de comunicar informações valiosas para a conservação de espécies a diferentes públicos. Uma das ferramentas discutidas foi a própria fotografia e aprendi bastante com nomes experientes do meio, como o João Marcos Rosa e a Gabriela Schuck, que também escreve aqui no Fauna News, na coluna Fauna e Transportes.

No mês do Dia das Bruxas, o tão aguardado concurso Wildlife Photographer of the Year (Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano) revelou seus vencedores. Também escrevi um artigo recentemente sobre isso aqui na Photo Animal, então, para não ser repetitivo, convido você a dar uma conferida nele e conhecer as imagens premiadas de cada categoria.

Para encerrar o ano com chave de ouro, esta semana fui assistir a estreia do documentário Fogo Pantanal Fogo. O trabalho, dirigido por Sandro Kakabadze e produzido pela Documenta Pantanal, é uma “continuação” da exposição Água Pantanal Fogo, mas dessa vez mostra somente o lado negativo que afeta o Pantanal e alerta sobre os problemas do fogo que ele e suas comunidades locais ainda enfrentam. Através de relatos e cenas dos brigadistas e pantaneiros, é gerado um importante desconforto e uma necessidade de reflexão das nossas ações. De brinde, ainda rolou um ótimo bate-papo no final com Sandro e Lalo de Almeida, que também teve uma grande participação no documentário.

Nós piscamos e parece que o tempo voa. Em alguns meses completarei um ano de Fauna News. Está sendo uma experiência incrível escrever e trazer conteúdo sobre fotografia de fauna para você. Agradeço imensamente pela leitura dos meus textos nesse início e pelos incentivos que me fazem continuar. Boas festas e até o ano que vem!

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