Gestor ambiental e fundador da Associação Protetora dos Animais Silvestres de Assis – Apass, que mantém um Cetras no interior paulista
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Com a chegada do período de estiagem no Sudeste, as queimadas trazem muitos problemas ao meio ambiente, incluindo poluição do ar, danos à flora e à fauna e diminuição da oferta de água nos rios e mananciais, por exemplo. Também são registrados muitos outros tipos de danos que, certamente, gerarão prejuízos patrimoniais, econômicos, sociais ou culturais, a curto, médio e longo prazos.
Nesse período, a Associação Protetora dos Animais Silvestres de Assis – Apass, localizada no município de Assis, centro-oeste paulista, recebe um número grande de animais silvestres que foram resgatados e encaminhados ao nosso centro de triagem e reabilitação (Cetras) com vários problemas relacionados, direta ou indiretamente, às queimadas. São ocorrências como queimaduras, intoxicação por inalação de fumaça, intermação (aumento da temperatura corporal pela absorção de calor em excesso), desidratação e atropelamentos em diversas vias próximas ao local do incêndio quando os animais silvestres empreendem fuga.
Os animais silvestres recebidos no Cetras da Apass são das mais variadas espécies de mamíferos, aves e répteis, com gravidade de ferimentos que variam de leve até gravíssimo.
Um dado que muitas pessoas desconhecem é o recebimento de animais silvestres após o período de estiagem e queimadas. São ocorrências relacionadas ao resgate de espécimes que foram encontradas fora de seu ambiente natural pelo fato de que seu habitat foi destruído pelo fogo, impossibilitando o fornecimento de suporte para que eles lá permaneçam.
É sabido que uma área queimada, dependendo do tipo de vegetação, leva algo em torno de cinco, dez, quinze anos para se recuperar ou, às vezes, nunca mais se recupera. Com isso, há a perda da proteção vegetal e, consequentemente, de alimentos, locais para ninhos, insetos que servem como alimentos, proteção do sol, sombra, abrigo à noite para se proteger de predadores e camuflagem. O local passa a não ter mais atrativos para muitos animais silvestres, que, dessa forma, migram para outras áreas.
Todo ano, entre os meses de maio e outubro, a demanda de animais silvestres encontrados dentro das cidades aumenta muito, tanto adultos como filhotes, das mais variadas espécies. Isso acontece porque eles saem das áreas que foram queimadas ou próximas a elas, acarretando um “êxodo ambiental” para ambientes urbanos ou suas imediações. Isso ocasiona conflitos entre fauna selvagem e doméstica, além de problemas com o homem, causado ferimentos, capturas, lesões em armadilhas para ratos, choques elétricos em cercas e postes, envenenamentos, cortes em linhas de pipa, colisões em portas e janelas de vidro, entre muitos outros acidentes.
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