Casal que há mais de 30 anos viaja até os lugares mais remotos do Brasil para fotografar a natureza. São adeptos da ciência cidadã, ou seja, do registro e fornecimento de dados e informações para a geração de conhecimento científico
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O Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira) e as cidades paulistas de Eldorado e Iporanga, que ficam em seu entorno, sempre estiveram nos nossos planos de viagem. Em outubro de 2017, o monitor ambiental e guia de aves da região, Duco Birdwatching Silva, postou nas redes sociais que estava monitorando dois ninhos, sendo um do gavião-de-penacho e outro do tauató-pintado – duas aves de rapina que estavam em nossa lista de desejos.
Nesse mesmo mês, agendamos nossa viagem com o Duco para registrar essas preciosidades.
Um pouco sobre o Petar
Localizado no sul do estado de São Paulo, entre as cidades de Apiaí e Iporanga, está o Petar. São 330 quilômetros do centro da capital paulista.
O parque abriga mais de 350 cavernas, dezenas de cachoeiras, trilhas, comunidades tradicionais e quilombolas e sítios arqueológicos e paleontológicos. É um verdadeiro paraíso escondido entre vales e montanhas na maior porção de Mata Atlântica preservada do Brasil.
Criado em 1958, com cerca de 35 mil hectares de floresta atlântica, é um dos locais mais perfeitos para a prática de esportes de aventura e de algumas atividades como educação ambiental, fotografia e observação de aves.
A estonteante beleza da caverna do Diabo
No caminho para o Petar há a cidade de Eldorado. Não perca a oportunidade de conhecer a caverna do Diabo com seus mais de seis mil metros de extensão, sendo 600 metros abertos à visitação. Com certeza, uma das mais belas cavernas do mundo. O local possui excelente infraestrutura para visitação, estacionamento, restaurante e ótimos monitores para a visita que é feita com muita segurança – escadarias, corrimões e iluminação.
Quando nós entramos na caverna do Diabo, ficamos alguns instantes paralisados ao ver tanta beleza. Eram formações rochosas gigantescas com diversas tonalidades de cores – um espetáculo para os olhos de um fotógrafo. Fizemos fotos maravilhosas!
Hospedagem
Nas duas vezes que fomos ao Petar, ficamos hospedados na Pousada da Diva, em Iporanga. É a pousada mais antiga da região – estão há mais de 45 anos recebendo turistas e visitantes do parque. Fica a 13 quilômetros do centro da cidade e bem próxima à uma das portarias do Petar – cerca de três quilômetros.
Conhecemos a dona Diva, que diariamente prepara as refeições com muito carinho – uma simpatia de pessoa. Uma delícia prosear com ela saboreando a refeição no jantar. Fomos também muito bem acolhidos pela Wanilda Petar, filha da dona Diva, e pela Vanessa Petar.
O Junior Petar, filho da dona Diva, foi quem divulgou as primeiras fotos do gavião-de-penacho nas redes sociais há muitos anos e despertou a atenção dos observadores de ave do Brasil para a região. Ele construiu em frente à pousada uma nova opção para hospedagem chamada Mangarito Glamping – lindos chalés e com um excelente restaurante. Um lugar com muito charme e conforto. Na nossa viagem, as obras do Mangarito estavam na fase final.
Na primeira viagem, fotografamos apenas os adultos
Encontrar ninhos em uma floresta tão grande é uma tarefa dificílima. Aqui vale destacar e elogiar o trabalho que os guias Duco e Maicon, que fazem a procura e a localização de ninhos que possam ser futuramente visitados pelos observadores de aves. Há todo um cuidado para não perturbar a rotina das aves e dos filhotes.
Na primeira viagem ao Petar, em outubro de 2017, fotografamos os indivíduos adultos do gavião-de-penacho e do tauató-pintado nas suas idas e vindas ao ninho. Não conseguimos ver os filhotes, que eram muito pequenos.
Agendamos nossa volta para janeiro de 2018, quando os filhotes já deveriam estar grandinhos e facilmente visíveis.
O filhote que se parece com o vizinho
No início de 2018, como planejado, retornamos. O filhote do tauató-pintado já tinha saído do ninho, mas nessa fase eles ainda permanecem nas proximidades até ganharem confiança para alçarem altos e distantes voos. Tivemos a oportunidade de fazer registros desse juvenil em seus treinos de caça, tentando predar um bem-te-vi-pequeno.
Os jovens do tauató-pintado são tão diferentes dos adultos que se acreditou por muito tempo ser uma ave de outra espécie. A plumagem juvenil imita o adulto do gavião-de-penacho. Possivelmente, esse mimetismo é uma defesa contra macacos grandes que poderiam predar o jovem ainda no ninho. Disfarçados de gavião-de-penacho, eles passam a representar uma ameaça para os primatas.
Exercitando para sair do ninho
Quando chegamos ao local do ninho do gavião-de-penacho, tivemos a surpresa de encontrar os amigos Luiz Ribenboim e Geiser Trivelato. Foram dois dias em que pudemos usufruir da companhia deles e aprender muito com o Luiz sobre fotografia em voo.
Foram dias sob Sol intenso para observar e registrar o filhote do gavião-de-penhacho que já estava treinando suas asas para um primeiro voo. Ficava saltitando e nos deixando apreensivos toda vez que ele ia até a beirada do ninho, em uma árvore altíssima.
Outras espécies
Nosso foco nas duas viagens eram o gavião-de-penacho e o tauató-pintado. Contudo, o Petar possui uma riquíssima diversidade de espécies da Mata Atlântica. Alguns outros registros a destacar: o dificílimo socó-boi-escuro, o gavião-bombachinha, a coruja-do-mato, o caburé-miudinho, o zidedê, o tapaculo-pintado, a araponga, a araponga-do-horto, o peixe-frito-pavonino, o pica-pau-anão-de-coleira, o sabiá-pimenta,a maria-pequena e o taperuçu-de-coleira-branca.
Vale lembrar que o Petar foi o melhor lugar que conhecemos até hoje para fotografar a araponga. No parque, ela tem poleiro em uma árvore de galhos secos na altura de nossos olhos.
Um lugar para retornar
O Petar é com certeza um lugar que você precisará visitar diversas vezes para observar aves, conhecer cavernas e estar em contato com uma natureza que é encontrada em poucos lugares do Brasil.
Fontes: Petar Online e Wikiaves
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