Educação ambiental em um sistema educacional de má qualidade

Quatro bilhões de anos de evolução e as tais moléculas fizeram coisas extraordinárias. Partindo dos lagos e oceanos primitivos em uma “sopa” orgânica, surgiu, em determinado momento, uma mais espertinha que apreendeu a fazer cópias de si mesma: um ancestral do nosso conhecido DNA. Tivemos mutações, reproduções, seleção natural e, claro, evolução. Plantas verdes, liberação de oxigênio e nitrogênio na atmosfera… explosão cambriana. Existem coisas inevitáveis e o processo químico de formação de vida parece ser uma delas.

Primeiros peixes, vertebrados, plantas, peixes dipnoicos, répteis, aves e uma grande bifurcação de todos eles, inclusive de mamíferos. Um longo e maravilhoso processo. Passamos do solo para as árvores, ganhamos cérebros maiores, destreza e uma característica muito importante: curiosidade sobre o ambiente que nos rodeia.

Os menos curiosos, menos aprendiam e ficavam para trás no processo de sobrevivência. Temos uma história bem antiga onde a geração precedente lutou muito para garantir a consequente. Temos uma afinidade natural com o ambiente original no qual nos desenvolvemos e que nos acolhe. Está em nossa memória genética.

O DNA consegue transmitir informações essenciais de geração em geração com imensa precisão. Então, por que diabos nós, uma das espécies pensantes, acumuladores de informações, resultantes de todo esse processo, apresentamos tantas dificuldades para aprender e transmitir com eficiência informações sobre a importância do nosso meio ambiente e que fazem parte de nossa trajetória existencial? Por que tantas incorreções em educarmos nossos herdeiros do planeta para que se relacionem com o meio em que vivem?

Podemos dividir essa equação em muitas variáveis, mas para simplificar ao máximo, e a nível social atual, podemos dividir a sociedade em dois grupos: os que vivem bem próximos à natureza e os que vivem “afastados” dela. Os primeiros, interligados e bem mais interdependentes; os outros, necessitando ser aproximados através de uma “educação ambiental”. Os primeiros reconhecem a importância do meio pela simples convivência, pela simples necessidade existencial; o segundo grupo, “afastado”, depende de um processo educacional formal (pelo menos de razoável qualidade), principalmente nas áreas de ciências da natureza.

Educação no processo de aprendizagem

Vivemos em um país bem mal colocado no hanking de educação: entre 81 países avaliados, os alunos brasileiros ocupam as últimas posições no Pisa (Programme for International Student Assessment), bem abaixo das médias registradas pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). São poucas as famílias que conseguem acesso a uma educação de razoável qualidade; temos um enorme número de analfabetos funcionas; nossa produção acadêmico-cientifica é irrelevante comparada com a produzida em outros países e ninguém presta conta pelos péssimos serviços oferecidos. O resultado disso:  alunos com clara incapacidade de absorver, raciocinar e analisar questões fundamentais relacionadas à biosfera em sua volta; alunos em escolas que fazem concurso de rapper sem saber quem foi Darwin; usam penicilina e ciclosporina, mas não são apresentados ao básico da existência dos fungos.

Que me desculpem os verdadeiros heróis que se desdobram para compensar as falhas do nosso pífio sistema educacional, os que tentam suplementar de alguma forma nossas lacunas de conhecimentos ambientais, mas se o conteúdo nos ensinos fundamental e médio não for de qualidade, não gerar consciência e não atingir uma gama significativa de jovens, continuaremos registrando vergonhosos resultados estatísticos de crimes ambientais.

Não se iludam: o sistema cleptocrata pouco se importa com os danosos resultados que assistimos todos os dias e que agora estão, em boa parte, sendo ocultados por um processo de desinformação.

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