Agente de Polícia Federal no Núcleo de Operações da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph) do Rio de Janeiro
nalinhadefrente@faunanews.com.br
Inicialmente, gostaria de agradecer ao Fauna News e ao Dimas Marques por me convidar para escrever aqui e tentar passar minhas experiências no combate aos crimes ambientais, em especial aos crimes contra a fauna. Me sinto lisonjeado por esse convite, pois não conheço pessoalmente o Dimas e penso que a escolha da minha pessoa se deu apenas e somente por trabalhos e esforços que desenvolvi e venho tentando desenvolver dentro da Polícia Federal, mais precisamente no Núcleo de Operações da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph) do Rio de Janeiro.
Muito obrigado, Dimas. Considero isso um grande reconhecimento e espero, do fundo do coração, fazer dos meus textos boas ferramentas de educação ambiental para os leitores.
Posições políticas e natureza
Quero deixar claro também que o conteúdo a ser publicado será baseado não só em experiências de âmbito profissional, mas também de minhas situações de vida, da minha criação, da minha visão de mundo e de todo o aprendizado e vivências pessoais. Não escreverei nada para agradar ou desagradar alguém; escreverei o que eu acho adequado para que evoluamos o mais rapidamente para o crescimento do respeito e do entendimento do meio ambiente como um todo.
Para começar. quero abordar a importância de sabermos separar e discernir o certo e o errado das coisas que são colocadas para nós como verdade absoluta. O combate aos crimes ambientais e a conservação da natureza não devem ser colocados ou associados a posições políticas. Filosofias políticas são coisas criadas pela espécie humana. Animais, árvores, florestas, ecossistemas, rios e mares não têm e nunca terão lado político.
Nós, que trabalhamos na árdua, ingrata e ainda mal compreendida missão de conscientizar as pessoas de que a conservação da natureza é necessária e essencial, não podemos nos deixar ser manipulados por interesses de grupos, sejam eles de que lado forem. Não devemos cair nessas armadilhas, pois nossa luta é muita mais ampla do que se atrelar a partidos políticos.
O gigantismo da natureza, do tempo e da eternidade são muito maiores do que o capricho e o egoísmo humano e sua relação com posições políticas. Todos esses governos que estão ou já estiveram no poder foram coniventes com a derrubada de árvores, sejam elas da Amazônia ou da Mata Atlântica; todos eles foram permissivos com as queimadas no Pantanal; todos eles estão faz décadas prometendo despoluir a baía da Guanabara (RJ)… Temos que valorizar os quem têm atitude e não os que prometem atitude.
Respeitar a natureza e o meio ambiente é respeitar a si mesmo; é respeitar o próximo. O respeito ao próximo não se limita apenas ao ser humano. Faz parte de um contexto muito maior, faz parte da nossa própria evolução como seres vivos. Ele não pode ficar limitado aos caprichos e conveniências humanos; ele não se limita a coisas mesquinhas e a interesses escusos.
Ignorantes inconscientes ou idiotas conscientes vão sempre querer criticar e tentar colocar argumentos egocêntricos e parciais para combater a ideia da conservação. Para eles, eu sugiro que façam uma experiência: já que acham que a proteção da natureza é algo menos importante, peguem o lixo que produzem em suas casas e deixem-no em suas salas de estar. Acumulem o lixo onde vocês moram, pois se cuidar da natureza e conservá-la não é importante, podem jogar seus restos onde vocês vivem. Talvez assim, consigam abrir os olhos.
As lutas do combate aos crimes ambientais e a consciência para a conservação vão continuar. Elas são muito mais importantes do que uma pauta política de grupos. São uma questão de evolução do próprio ser humano; ser humano este que, pelo ponto de vista da natureza, nunca terá lado. A infinita força da natureza não depende e nunca dependerá dele, ao contrário.
Grande abraço e até a próxima
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