Bióloga, mestra em Ecologia e Recursos Naturais e doutora em Ciências, ambos na área de Educação Ambiental. É cofundadora e educadora ambiental na Fubá Educação Ambiental e atua no grupo Escola da Floresta – Sítio São João e no Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)
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Logo que comecei a elencar os tópicos sobre educação ambiental para conservação, entramos na pandemia e nada me pareceu mais urgente do que essa questão apontada no título. Independentemente do contexto onde atuamos, é inegável todas as alterações ocorridas no trabalho educativo. A verdade é que nos primeiros meses ninguém sabia muito o que daria para fazer com as propostas educativas e, ouso até dizer que passados alguns meses de confinamento, ainda não temos clareza.
No contexto escolar, e obviamente aqui me restrinjo a fazer um recorte da realidade brasileira, de início entrou-se em recesso e depois começaram as adaptações para o chamado ensino remoto. O uso de tecnologias, principalmente as aulas on-line, surgiram como uma das maiores alternativas. Não preciso escrever aqui toda a problemática e o tremendo abismo de acesso a esse recurso no cenário nacional, mas o fato é que um dos assuntos mais debatidos da área educativa finalmente bateu na porta de todas as pessoas que trabalham nesse campo. De uma hora para outra, o uso da tecnologia na educação virou a opção mais segura do cenário pandêmico e coube às educadoras e aos educadores de sala de aula se reinventarem nesse novo espaço educativo em tão pouco tempo.
No contexto não escolar, quando olhamos as propostas educativas, vemos que a situação se complicou um pouco mais. É exatamente nesses espaços que estão a grande maioria das educadoras e educadores ambientais que trabalham com a temática da conservação. E se para o contexto escolar houve um recesso no início, um replanejamento e a retomada dos cronogramas, para o contexto não escolar ainda estamos no recesso e em replanejamento. Ainda mais nos espaços que trabalham com atendimento e recepção de grupos, como os zoológicos e as unidades de conservação. Muitos agora têm se esforçado em se reinventar, seja se aproximando da mesma proposta do contexto escolar ou reestruturando as ações educativas futuras para trabalhar a conservação mesmo sem o contato com os grupos.
No grupo que trabalho, assim como outros que conheço, o cronograma foi totalmente alterado. Muitas das atividades previstas para o ano foram canceladas, tais como as formações presenciais com educadoras e educadores do contexto escolar, as idas às áreas de trabalho de campo, os diagnósticos socioambientais e as avaliações das estratégias já implementadas. Nos pareceu sensato voltarmos aos estudos da área de educação ambiental para buscar inspirações e, com o uso da tecnologia, dentro dos contextos possíveis, algumas novas estratégias foram surgindo.
Para citar exemplos mais diretos, fizemos duas ações de adaptações de conteúdo de projetos que já estávamos trabalhando. O primeiro envolveu colocar no site da Fubá uma versão adaptada de alguns conteúdos do aplicativo BORA, que estamos desenvolvendo para o Parque Ecológico de São Carlos (SP). O segundo foram as adaptações das propostas educativas de materiais de educação ambiental para a conservação que antes estavam previstas só para uma versão física e que preparamos para uma versão on-line, sendo disponibilizada em uma plataforma no site do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS).
Além dessas adaptações, aproveitamos para restabelecer projetos com parceiros educativos, como a Associação de Zoológicos e a Aquários do Brasil (AZAB). A partir dos próximos meses, vamos de forma participativa adequar nossos materiais para o contexto dos zoológicos e aquários brasileiros. A ideia é colocar esses conteúdos na plataforma do ICAS e, com apoio da AZAB, oferecer cursos para as educadoras e educadores desses espaços não escolares. Acredito que essas novas possibilidades têm sido a melhor saída que conseguimos traçar para continuar a falar de conservação em um cenário nada favorável.
E você? O que tem feito para trabalhar com a educação ambiental para conservação nesses tempos de pandemia?
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