Como estão os animais silvestres do litoral norte de São Paulo?

O litoral norte de São Paulo, composto pelos municípios de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, possui mais de 85% da sua área de Mata Atlântica conservada graças às unidades de conservação existentes. Elas desempenham um papel crucial na proteção do meio ambiente, freando a especulação imobiliária. A região tem nos seus municípios um mosaico de biodiversidade e belezas naturais, tornando-se um destino turístico cuja preservação é essencial.

Mesmo com as unidades de conservação existentes, a fauna silvestre tem sofrido com o aumento de construções, acúmulo de lixo, contaminação das águas, poluições sonora e luminosa, riscos de zoonoses pelo convívio com animais domésticos e pela invasão dos animais de espécies exóticas (não nativas) que, sem predadores, competem pelos mesmos espaços e recursos.

Colisões em vidros, atropelamentos, predações por cães e gatos são outras das consequências das ações humanas na região, tornando prioritário o investimento em cuidados com a fauna silvestre.

Atualmente, nossa região está sem qualquer atendimento emergencial a animais silvestres e dezenas de órfãos, feridos ou debilitados, têm morrido por falta de assistência. Os poucos que a Polícia Militar Ambiental e demais órgãos competentes resgatam, são destinados a instituições no Vale do Paraíba e, se sobrevivem, não mais retornam para o litoral norte. Em 2016, escrevi um artigo alertando sobre esse assunto na Revista Ilhabela.

Em São Sebastião, durante 23 anos a Fundação Animália trabalhou como centro de triagem de animais silvestres (Cetas), atendendo quase nove mil espécimes. Mas desde 2025, parou sua atividade como Cetas, não recebendo mais nada. Em Ilhabela, desde 2014 a Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara ajudou a salvar e a devolver à natureza em torno de 1.200 aves, principalmente o papagaio-moleiro (Amazona farinosa), que está “criticamente ameaçado” de extinção no estado de São Paulo.

Em 2011, o Ibama começou a transferir a gestão dos animais silvestres para os Estados. Hoje, em São Paulo, a Secretaria de Meio Ambiente Infraestrutura e Logística (Semil) tem seu departamento de fauna.

Abaixo-assinado por um Cetas

Dentro desse panorama, criou-se um abaixo-assinado para solicitar a implantação por parte da Semil de um Cetas no litoral norte. O documento já recebeu mais de 13 mil assinaturas.

Os quatro municípios do litoral norte têm uma arrecadação alta devido royalties que recebem pela exploração de petróleo na região. Portanto, recursos financeiros para construir um local para atender os animais silvestres não seria problema. Se o Estado fizer uma parceria com as prefeituras, com certeza essa situação tão precária que os animais silvestres estão passando poderá mudar. Com um Cetas do Estado, iria se evitar interrupções dos trabalhos, independentemente das gestões municipais.

A sociedade civil também pode participar da gestão da fauna silvestre, não adquirindo animais silvestres, cobrando dos órgãos públicos ações nos cuidados com a fauna, sendo voluntário de grupos de educação ambiental, fazendo doações para as instituições protetoras e até mantendo áreas de soltura em suas propriedades particulares.

As áreas de soltura cumprem um papel muito importante para a conservação das espécies. Elas recebem animais silvestres reabilitados que retornarão para a natureza, desde que a espécie em questão tenha ocorrência no local da soltura.

Ajude-nos a conservar a fauna de animais silvestres do litoral norte.

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