
Biólogo, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de Projeto Papagaio da Caatinga
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Na última semana podemos presenciar um fato bem inusitado envolvendo tráfico de fauna e acidentes na criação de animais exóticos no Distrito Federal, em que um jovem de 22 anos foi internado após ser picado por uma cobra naja-de-monóculo (Naja kaouthia). O animal foi encaminhado para o Zoológico de Brasília, considerado um dos melhores do Brasil, para ser triada e acondicionada enquanto se decide seu destino. Outras 16 cobras apreendidas e que tem ligação com o caso da naja também foram levadas para o zoológico.
Esses casos permitem que se abra uma discussão bem importante e séria a respeito da estrutura dos centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetras) no Brasil para atender tais eventos. O local para triar esses tipos de situações são os Cetras, estruturas que recebem animais apreendidos do tráfico. Porém, numa situação em que o risco eminente de acontecer um acidente e não haver acesso ao soro para tratamento, fica bem difícil pensar nos centros de triagem e de reabilitação devido às estruturas e ao corpo técnico dessas estruturas em todo Brasil.
Os Cetras são os locais responsáveis por todo problema geral sobre fauna silvestre no Brasil, ou seja, eles precisam estar equipados e amparados por estruturas e técnicos para dar conta da identificação de espécies e de seus habitat de origem, de zoonoses, do manejo dos diversos tipos de animais, do comportamento, dos problemas de convívio urbano e selvagem, da destinação e etc.
Os centros precisam atender demandas especificas como locais separados para quarentenário sanitário, espaços individualizados para fauna silvestre e fauna exótica, área de reabilitação especializada para cada grupo, área de mutilados que precisam viver o restante de sua vida em cativeiro e isolamento para animais que tenham doenças ou ofereçam possíveis perigos eminentes à vida.
Dessa forma, fica bem clara a importância dos Cetras no âmbito dos serviços públicos de uma sociedade equilibrada e saudável, o que permitiria solucionar problemas de convívios bem sérios. A partir desse diagnostico, poderíamos traçar diretrizes melhores para que a saúde humana não fosse afetada por causa do desequilíbrio promovido pelo desenvolvimento humano não planejado e sem controle.
É evidente que esses centros precisam ser padronizados e categorizados de forma única para atender a população de uma maneira concisa e efetiva para então ter medidas exatas do que é preciso de uma estrutura para atender as peculiaridades de cada região. Os zoológicos no Brasil têm atendido uma demanda que não é deles. Os Cetras precisam estar prontos para suprir as demandas envolvendo tráfico de animais silvestres ou exóticos, zoonoses, conflitos com fauna e necessidades de manejo.
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