
Por Cristina Rappa
Jornalista com MBA Executivo de Administração e especialização em Comunicação Corporativa Internacional. Observadora de aves e escritora de livros infantojuvenis com temática voltada à conservação da fauna
educacaoambiental@faunanews.com.br
Observadora de aves e autora de livros infantis que têm pássaros como personagens, sou meio suspeita para falar desses animais como ferramentas de educação. Há quem concorde e use e abuse delas para encantar e ensinar.
É o caso do biólogo paulista Jefferson Otaviano, que atua como guia de observação de aves nas horas de folga de seu emprego. “As aves chamam a atenção de todo o mundo. Elas despertam na gente um sentimento de liberdade que chama pela preservação das espécies e de todo o ambiente”, define Jefferson, que se vale desses animais alados em suas atividades com crianças.
A primeira experiência em educação ambiental teve início em 2007, quando começou a coordenar o programa O Jardim Botânico Vai à Escola, que tinha como base um programa internacional de jardins botânicos. O jardim botânico em questão era o do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas (SP), onde o Jefferson trabalha.
A escola escolhida para receber o programa foi a Professor Newton Silva Telles, de ensino fundamental I e período integral, situada próxima à Fazenda Santa Elisa, que abriga os experimentos de campo do IAC. Em atividades que aconteciam duas vezes por semana, os estudantes discutiam e aprendiam sobre saúde, natureza, estrutura do solo, agricultura sustentável e – claro – passarinhos. Para chamar a atenção das crianças, Jefferson tirava de um baú lupa, binóculos, livros e jogo de memória sobre os biomas brasileiros, entre outros materiais. “Era um programa muito gostoso”, afirma, com nostalgia, o biólogo.

Entusiasmado com a receptividade do programa, Jefferson projetou um jardim sensorial no antigo jardim botânico, com apoio de parceiros patrocinadores e que, segundo ele, recebia muitas visitas.
Clube dos médicos
Com o fim desses projetos anos mais tarde, Jefferson aproveitou esse aprendizado para trabalhar, como biólogo, com educação ambiental em escolas de Campinas e com crianças filhas de médicos associados à associação da classe do município. No caso dos médicos, alguns profissionais que reconheciam a importância da conservação ambiental fizeram contato com ele e o convidaram para fazer a identificação das aves do clube de campo da associação, localizado em Sousas, distrito de Campinas.

Depois desse trabalho, veio outro convite: coordenar uma atividade com as crianças, filhas dos sócios, além de outras, da comunidade. A primeira dessas atividades foi um passeio pela matinha localizada na área do clube, com bate-papo sobre a importância das aves na regeneração das florestas. Em uma caderneta de campo, ferramenta habitual para biólogos e observadores de aves, as crianças iam anotando as espécies avistadas. O mascote desse programa era a tucanaçu Tuca, recorda-se Jefferson.
O sucesso foi tal que, a partir daí, as atividades continuaram no clube, com a criação de um jardim sensorial com cerca de vinte espécies de plantas para estimular o olfato e o paladar, e inúmeros encontros com as crianças. Um deles, ocorrido em 2019, foi especialmente marcante: a simulação de uma observação de aves noturnas – como bacuraus, corujas e mães-da-lua – feitas em papelão e coladas em um cenário escuro, para parecer noite. A vocalização das aves era feita em play back e, munidas de lanterninhas fornecidas pelo clube, as crianças iam procurando os animais.
“Foi muita diversão com aprendizado”, recorda-se Jefferson, lembrando ainda de outro programa que reuniu aves e educação ambiental de crianças e jovens: a elaboração, em 2014, da cartilha Aves da Reserva Biológica de Pindorama, SP, vinculada ao IAC, que era usada em atividades com professores e crianças de escolas do interior paulista.

“Sempre tive muita facilidade em trabalhar com crianças, além de gostar de tê-las por perto”. Mais um motivo para ele torcer pelo fim da pandemia do novo coronavírus, que interrompeu neste ano essas atividades. “Vai passar e vamos voltar com os programas”, afirma o biólogo.
Ainda em tempo: hoje, 15 de outubro, comemora-se o dia do professor e do educador ambiental! Nossa admiração e nossos parabéns a esses essenciais profissionais.
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