
Biólogo, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de Projeto Papagaio da Caatinga
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Os centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetras) recebem inúmeros animais com problemas de saúde e acidentados. Com isso, têm um índice imenso de casos bem complexos e muitas vezes irreversíveis de mutilações a ponto de tornar o indivíduo inapto a soltura ou incondizente com uma vida minimamente normal – ou seja, quando há dor e sofrimento constantes e completa ausência de uma vida confortável, a eutanásia é a forma mais ética com o animal. Porém, nos casos em que a mutilação ainda permite ao animal ter qualidade de vida, essa vida deve ser validada como algo importante e valioso. Nesses casos, pensar na destinação desses animais é bem importante.
As destinações de animais mutilados sempre são polêmicas e custosas, pois sempre vão existir debates imensos e, muitas vezes, sem uma resolução aceitável. Tem aqueles que dizem que a eutanásia é uma ferramenta correta e digna para o animal, independentemente da situação. Outros afirmam que são custos para o governo e que não devem estar nos Cetras e há os que dizem que esses animais acabam virando depósitos de doenças de outros espécimes que já passaram pelo centro e vão sempre estar proliferando tais patógenos. Sim, acho que todos têm sua razão e motivo, porém acho que deve haver discussão do que se fazer em tal procedimento de destinação.

Quando afirmo que o procedimento de destinação de fauna mutilada precisa ser bem discutido e estudado, quero dizer que temos que pensar que cada animal que chega num Cetras precisa ter uma destinação válida até em seu último momento. É o que acontece com os óbitos, que geralmente são destinados a universidades para estudos que vão agregar conhecimento para futuros tratamentos com a espécie, servindo, mesmo no momento pós-morte, de base para o conhecimento e a conservação.
Dessa forma, vemos que é necessária a implantação de normas bem estabelecidas para as destinações de animais advindos de Cetras, principalmente quando falamos em mutilados. Esses espécimes sempre geram um entrave muito grande na destinação pelo fato de que muitos dos empreendimentos de fauna em cativeiro não têm interesse em recebê-los porque eles não são muito “apresentáveis” aos olhos do público. Nesse sentido vemos que o estimulo a zoológicos com temáticas para animais mutilados e mantenedores com o intuito de abrigar espécimes mutiladas é muito importante para que possamos ter uma destinação digna aos que são vítimas de ações humanas como atropelamento, choque elétrico, zoonoses e etc.

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