Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda em Ecologia pela mesma universidade, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS).
Seus principais interesses são conservação de vertebrados, ecologia de rodovias, mastozoologia, etologia, ecologia de felinos e educação ambiental.
O acesso às informações sobre animais atropelados vai além da quantificação dos impactos de uma rodovia. Já mencionamos nesta coluna o quão valioso esse material pode ser, inclusive para identificar possíveis zoonoses. Compreender a ocorrência de fauna nas estradas também contribui para pesquisar questões comportamentais, como a movimentação animal naquele local. Também é possível identificar outros conflitos, como a caça ilegal ao observar animais atropelados com marcas de projéteis. São muitas informações valiosas que podem ser extraídas de animais atropelados e que desempenham um papel importante na conservação das espécies.
Recentemente, uma nova informação relevante para a Ciência surgiu devido a um canídeo atropelado em Vacaria, no Rio Grande do Sul. Após o resgate desse animal, surgiram dúvidas entre os pesquisadores quanto à sua identificação devido às características físicas (pelagem) e comportamentais. Após testes genéticos, constatou-se que o indivíduo é na um híbrido resultado do acasalamento entre um graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) e um cachorro doméstico (Canis lupus familiaris), duas espécies de canídeos evolutivamente distantes
Este é o primeiro caso conhecido de hibridização entre espécies domésticas e silvestres de canídeos na América do Sul. Trata-se de um evento raro e difícil de identificar na natureza e graças ao acesso à ocorrência de atropelamento desse animal foi possível fazer a descoberta a qual, inclusive, foi divulgada em um artigo científico.
O caso desse canídeo híbrido é mais um exemplo que destaca a relevância dos estudos de animais atropelados e a importância de identificar os espécimes. Além de casos de hibridizações, novas espécies e distribuições de ocorrências também podem ser determinadas a partir de informações de animais atropelados. Obviamente, não é a situação ideal esperar a que espécimes sejam atropelados para obter esse tipo de dado e, portanto, não se deve minimizar o impacto dos atropelamentos sobre a fauna.
No entanto, na realidade em que vivemos atualmente, é praticamente impossível eliminar completamente os atropelamentos. Dessa forma, cabe a nós, pesquisadores, aproveitar ao máximo as informações obtidas com essas fatalidades, extraindo todos os dados possíveis para fins científicos. Sempre que viável, é importante relatar a ocorrência de atropelamento (quando possível, acrescentar fotografia com escala e coordenadas do local) às autoridades locais, como o órgão ambiental, à concessionária responsável pela rodovia ou à programas de monitoramento de fauna locais.
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Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda em Ecologia pela mesma universidade, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS). Seus principais interesses são conservação de vertebrados, ecologia de rodovias, mastozoologia, etologia, ecologia de felinos e educação ambiental.
