Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra e doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ecologia da mesma universidade, onde atua no Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF).
Tem como principais interesses assuntos relacionados à ecologia de ferrovias e rodovias, assim como conservação da natureza e educação ambiental.
Todos os dias, em diferentes estradas, muitos animas acabam morrendo por conta das colisões com veículos. Sempre salientamos a importância das medidas de mitigação, mas, infelizmente, mesmo com elas, ainda temos inúmeras ocorrências de animais mortos.
Os registros das carcaças desses indivíduos podem fornecer informações valiosíssimas para estudos genéticos, taxonômicos e populacionais. Muitas das carcaças são encontradas praticamente intactas, podendo ser aproveitadas para taxidermia.
A taxidermia consiste em uma técnica para “empalhar” os animais para poderem ser utilizados em exibições em museus ou pesquisas científicas. Por exemplo, pesquisadores do Paraná utilizaram os animais atropelados coletados para educação ambiental, com o intuito de sensibilizar a população quanto à temática de atropelamentos e à conservação da biodiversidade. No Rio de Janeiro, uma parceria entre concessionária (Concer) e universidade (Universidade Veiga de Almeida) está utilizando as carcaças para ajudar a recompor o acervo do Museu Nacional, que incendiou em 2018.
Além das possibilidades da taxidermia, os registros dos animais atropelados também podem ser úteis para o monitoramento das populações de algumas espécies. Recentemente, pesquisadores da Dinamarca utilizaram os registros de cervos atropelados entre os anos de 2003 e 2019 para avaliar essa possibilidade. A partir da análise desses registros, os autores conseguiram avaliar mudanças temporais e espaciais na distribuição do gamo (Dama dama) e do veado-vermelho (Cervus elaphus) e observar mudanças demográficas nessas duas espécies e na corça (Capreolus capreolus). Esses resultados trouxeram mais uma funcionalidade para as colisões entre veículos e fauna.
Essas são algumas das possibilidades de aproveitamento das carcaças dos animais que sofrem com o impacto das colisões nas estradas. Além dessas, também já abordamos sobre a descoberta de novas espécies e o levantamento de informações sobre a dieta dos animais a partir de atropelamentos.
Vale lembrar que sempre devemos sempre, primeiramente, evitar as mortes. Mas a partir do momento que elas ocorrem, devemos buscar oportunidades para aproveitar ao máximo cada indivíduo perdido, seja ampliando as parcerias com os museus, coletando amostras necessárias para diferentes pesquisas ou analisando os registros de atropelamentos para diferentes perguntas.
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Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestra e doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ecologia da mesma universidade, onde atua no Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF). Tem como principais interesses assuntos relacionados à ecologia de ferrovias e rodovias, assim como conservação da natureza […]
