Por Vitor Calandrini
Primeiro-tenente da PM Ambiental de São Paulo, onde atua como chefe do Setor de Monitoramento do Comando de Policiamento Ambiental. Mestre e doutorando em Sustentabilidade pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP)
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Chegamos ao meio do ano e, como de costume, é bom relembrar o quanto esse período afeta a fauna. Vale destacar que especialmente os animais silvestres sofrem diretamente as ações do clima, uma vez que vivem sem as aclimatações dos lares dos domésticos e, nesse sentido, é bom reforçar cuidados que devemos ter com a natureza.
Como sabemos, além de ser um período de frio, o inverno no Sudeste brasileiro também é conhecido como o período seco do ano. A estiagem começa ainda modesta no mês de junho e vai se asseverando, em especial nos meses de julho, agosto e setembro. A situação começa a mudar com as chuvas que retornam em outubro.
É observado que a cada ano que passa os efeitos climáticos causados pelo aquecimento global vêm ficando cada vez mais extremos, como enchentes, friagens, ressacas e, em especial, os incêndios florestais do inverno, que causam grande mortandade de animais silvestres direta e indiretamente.
Quando tratamos sobre a mortandade direta estamos nos referindo aos animais que morrem queimados em áreas florestadas e de cultura acometidas por incêndios criminosos e acidentais. Esses espécimes não conseguem sair a tempo dessas áreas e incluem aqueles que sequer são contabilizados por serem de pequeno tamanho como répteis, insetos e alguns mamíferos.
Outra grande parte de animais silvestres são acometidos pelos incêndios florestais de forma indireta e raramente são lembrados. São aqueles que mesmo não sendo atingidos pelo fogo, perdem seu habitat e ficam sem área de vida para obter alimentação, abrigo e se reproduzir, podendo ser mais facilmente predados e caçados. Assim como nossos peixes que podem sofrer com o aumento da acidificação da água ou com a contaminação dos reservatórios e rios, levando assim a mortandade.
A grande questão é que a maioria dos incêndios florestais nessa época tem origem antrópica, uns por ainda realizarem a queima de restos de cultura, como a da palha da cana-de-açúcar, outros pela cultura da soltura de balões devido às festividades junina e às vezes pelo simples hábito de jogar bitucas de cigarro pela janela de veículos quando em estradas vicinais ou rodovias cercadas por vegetação.
Fiquemos sempre alertas nesse período e busquemos não iniciar nem incentivar ações que possam originar incêndios florestais. Pensemos na saúde humana, nos ecossistemas e na vida animal, afinal essa última não tem lugar de fala e depende de nós para serem representadas.
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