
Por Andréia Nasser Figueiredo¹, Daniel Campesan² e Larissa Ferreira³
¹Bióloga, mestra em Ecologia e Recursos Naturais e doutora em Ciências, ambos na área de Educação Ambiental. É cofundadora e educadora ambiental na Fubá Educação Ambiental e atua no grupo Escola da Floresta – Sítio São João e no Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas)
²Gestor e analista ambiental pela Universidade Federal de São Carlos. Educador da Fubá Educação Ambiental
³Gestora e analista ambiental graduada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).Educadora da Fubá Educação Ambiental e colaboradora do Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia – NAPRA
educacaoambiental@faunanews.com.br
É um fato a importância da comunicação para a evolução da nossa sociedade. Quando falamos do “ato de se comunicar”, não estamos falando do surgimento das primeiras formas de escrita (logográficas). A comunicação antecede isso e, como diria Paulo Freire, é importante lembrar que a leitura do mundo antecede a leitura da palavra.
A comunicação não verbal é o meio de nos conectarmos uns com os outros e muitas vezes com os outros seres vivos. Já a comunicação verbal, a escrita, é dotada de diferentes papéis na evolução da sociedade, tais como a preservação de diferentes culturas, o registro de conhecimentos e tecnologias, o acúmulo de informações em objetos e a função de memória social. Quanto a esse último papel, o social, a comunicação como um todo sempre foi de suma importância para estabelecer o senso de cooperação e coletividade. Peça importante para que, no futuro, pudéssemos estabelecer as comunidades e todos os acordos para a convivência coletiva.
Mesmo com o passar dos séculos, com a forma e os meios de nos comunicarmos mudando e evoluindo, a potencialidade da comunicação só se expandiu. Com o surgimento dos meios virtuais, a área tornou-se ainda mais importante e potente. De repente, nossos conhecimentos e mensagens chegam em milésimos de segundo, num simples clique, a qualquer parte do mundo conectado. Observamos que essa realidade influenciou diversas esferas da sociedade, como os caminhos e as formas de fazer política, as novas formas de negócios e até mesmo a busca de formação de conhecimentos. Inúmeras empresas do ramo (agências de marketing) eclodiram nas últimas décadas e a comunicação se tornou um negócio valiosíssimo aos olhos do mundo. Diferentes áreas de pesquisa e empresarial incorporaram o “marketing de conteúdo” como parte de suas funções fabris ou mesmo como parte do produto.

Na área de educação em geral, incorporar as novas formas de comunicação foi um desafio. E não poderia ser diferente no campo da Educação Ambiental (EA). Ainda é um desafio nosso ajustar a melhor forma de comunicação aliada à reconstrução de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado. Por isso, podemos aproveitar para aproximarmos a comunicação da EA para a conservação, valorizando a potencialidade da comunicação enquanto um processo educativo. Hoje em dia, com o crescente uso das mídias sociais, a maneira como nos comunicamos tem se transformado bastante, principalmente pela rapidez e quantidade de informações geradas e apresentadas. Aumentamos a importância de imagens e vídeos em detrimento aos textos e livros para apresentar os diversos conteúdos e conhecimentos.
A facilidade da comunicação com o uso de imagens e vídeos pode ser aliada dos objetivos de ações da EA na medida que pode simplificar mensagens complexas, buscando a sensibilização das pessoas ou, ao menos, despertando o interesse para saber mais sobre a temática ambiental. Diferentes projetos de conservação da biodiversidade têm apostado na melhora da comunicação por entender o potencial das mídias sociais e dos sites para compartilhar e divulgar para a sociedade o seu trabalho, desafios e conquistas importantes. Assim como, abordagens mais lúdicas para chamar a atenção á espécie estudada.
Nós sabemos da potencialidade da educação ambiental, bem como sabemos que a comunicação é a chave para abrir caminhos na busca de soluções de problemáticas socioambientais. Juntando essas duas áreas e investindo na formação de equipes, só temos a ganhar na conservação e na busca de uma sociedade mais justa para todos.
Referência
FREIRE, P. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. 10. ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2014. 272 p.
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