Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: maritaca, periquitão-maracanã, maitá, maitaca, humaitá, soia, baitaca, suia
Nome científico: Psittacara leucophthalmus
Estado de conservação: “pouco preocupante” (LC) na lista vermelha da IUCN e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Muito comuns nas cidades do interior e em vários bairros arborizados nas capitais, as maritacas são o retrato da alegria. Suas chegadas e partidas são verdadeiras festas, com seus gritos, malabarismos e até brigas. Um show à parte, em meio a sisudez e corre-corre da vida urbana.
Voando em bandos nada silenciosos, essas avezinhas verdes (algumas apresentam penas vermelhas ou azuis nas asas) habitam toda a América do Sul, com exceção do Chile. No Brasil, ocorrem na Mata Atlântica, floresta amazônica e Cerrado, tendo como habitat florestas, cidades, áreas agrícolas, campos e banhados.
Donas de um bico curvo e forte, são herbívoras, consumindo frutos, sementes, flores e brotos, podendo, eventualmente, ingerir pequenos invertebrados.
Quando adultas, medem de 24 a 30 centímetros e pesam de 80 a 250 gramas.
Reproduzem-se entre novembro e março. Os ovos são colocados em ocos de árvores, buracos em barrancos e rochedos. Machos e fêmeas não possuem dimorfismo sexual, ou seja, não têm diferença na aparência que permita identificar o sexo.
As queimadas, desmatamentos, alterações climáticas, enfim, condições adversas provocadas pela espécie humana, têm levado as maritacas cada vez mais a procurar abrigo nas áreas urbanas. Isso pode trazer alguns transtornos, já que elas se instalam nos forros e sótãos das casas, muitas vezes destruindo conduítes, cortando e desencapando fios, o que ocasiona curtos-circuitos e prejuízo aos proprietários dos imóveis.
Nesse caso, o procedimento correto é aguardar a saída das aves, fechar os acessos ao local e consertar os fios. Lembrando que, tanto a captura quanto a criação de maritacas em cativeiro são proibidas por lei.
Outro inconveniente provocado, também pela ação humana, é o “ataque” a plantações de hortaliças, frutas e grãos, como consequência da escassez de alimento, causada pela diminuição da cobertura vegetal em diversas regiões de sua ocorrência.
Pensando bem, não são as maritacas as causadoras de problemas. Elas apenas buscam alternativas àqueles causados por uma outra espécie. E de quebra, nos oferecem um espetáculo ao qual quem assiste jamais esquece e para quem, como eu, agora vive em um apartamento, certamente faz a maior falta…
https://www.youtube.com/watch?v=hoU5FMwAaVM
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