Bióloga, mestra em Zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro e professora nas redes estadual e particular do Rio de Janeiro.
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Nomes populares: pantera-negra, onça-preta, onça-negra, jaraguá-pichuna (tupi-guarani)
Nome científico: Panthera onca
Estado de conservação: “quase ameaçada” na lista vermelha da IUCN e “vulnerável” no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio
Há quase um ano, em agosto de 2020, perdemos o ator Chadwick Boseman, vítima de câncer de cólon.
Para quem não o conhece, ele deu vida ao personagem T’Chala, príncipe/rei de Wakanda, país fictício localizado na África, além de ser o super-heroi Pantera Negra, referência ao grande felino de mesmo nome.
Ao contrário do que muitos podem pensar, as panteras-negras não são exclusividade africana ou asiática, onde correspondem aos leopardos (Panthera pardus). Elas também ocorrem, adivinhem, no Brasil!
Oi? Como assim?
Na verdade, “pantera” é um “termo guarda-chuva” usado para designar qualquer grande felino que apresente melanismo, ou seja, característica causada por uma mutação genética que resulta em animais inteiramente negros. A melanina é o pigmento responsável pela cor escura de pelos e pele.
A nossa pantera-negra pertence à mesma espécie da onça-pintada ou jaguar (Panthera onca), o maior felino das Américas. No Brasil, a onça-pintada ocorre na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal, na Caatinga e na Mata Atlântica. Curiosamente, as panteras-negras não ocorrem no Pantanal, sendo encontradas nas outras localidades mencionadas, principalmente na Amazônia. Em 2014, um exemplar foi capturado na Caatinga, dentro do Parque Nacional Serra da Capivara (PI).
São caçadoras implacáveis e excelentes nadadoras, consideradas animais inteligentes, ágeis e calculistas, podendo capturar presas bem mais pesadas do que elas. Alimentam-se de vários tipos de vertebrados – estão no topo da cadeia alimentar -, podendo caçar durante o dia ou, preferencialmente, à noite. Com a invasão de seu habitat pelo homem, podem ocorrer ataques a animais domésticos, motivo pelo qual muitas vezes são caçadas pelos fazendeiros. Pois é…
As panteras-negras brasileiras são mais “troncudas” e encorpadas que as africanas e asiáticas. Atingem aproximadamente 1,80 metro de comprimento, com a cauda medindo mais de 50 centímetros. A altura pode chegar a 75 centímetros e o peso varia entre 60 e 150 quilos. Sua mordida é muito potente e as garras afiadas são fundamentais na captura de suas presas. A ninhada geralmente é composta por dois a quatro filhotes, que permanecem com a mãe por cerca de dois anos.
Em relação à coloração, em alguns casos, dependendo da incidência da luz sobre o pelo, é possível observar as rosetas (“manchas”) características da espécie.
Infelizmente, nossos felinos não têm o poder e a visibilidade do herói de Wakanda e necessitam de ações que contribuam para sua conservação, uma vez que se encontram ameaçados de extinção, seja pela perda e fragmentação de habitat, incêndios ou simplesmente pela ignorância humana com a caça.
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