
“Uma macaca de uma espécie ameaçada de extinção foi capturada pela Polícia Ambiental em Lages, na Serra de Santa Catarina. O animal, da espécie Chiropotes satanas, de origem amazônica, também conhecido como cuxiú-preto, foi localizado na semana passada após invadir residências à procura de comida no Bairro Araucária. Segundo agentes ambientais, ela teria chegado ao Estado através do tráfico de animais.
Na quinta-feira (10), a macaca foi encaminhada para Florianópolis, onde deve aguardar sua transferência para um centro especializado em primatas no Rio de Janeiro (RJ).
(…) De acordo com o biólogo da Polícia Militar Ambiental Diego Kuster, a macaca é de uma espécie ameaçada de extinção, mas, apesar de estar longe de seu habitat natural, está bem de saúde. O animal passou por exames no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) e pesa 1,7 kg, considerado adequado para a espécie.
Conforme o biólogo, moradores do Bairro Araucária ligaram para a Polícia Ambiental informando que ela estava invadindo as residências. “Provavelmente ela fugiu do cativeiro onde ela se encontrava e estava buscando alimentos em outras residências. Para estar em Lages, a macaca deve ter vindo por caminhão ou outro meio de transporte, comprada no Norte e vendida na região. Então, é objeto do tráfico”, disse.” – texto da matéria “Macaca de espécie ameaçada de extinção é capturada em Lages”, publicada em 12 de outubro de 2014 pelo portal G1
A apreensão da macaca é um exemplo de um fenômeno que ocorre com frequência envolvendo animais traficados: a introdução de espécies exóticas em ecossistemas, isto é, a entrada de um animal de uma espécie que não é natural de uma região.
O caixú-preto está classificado como "criticamente em perigo" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e como "em pergio" na classificação nacional do Ibama.
Mas quais as consequências desse fenômeno?
Animais de espécies estranhas a um ecossistema podem começar a concorrer por alimento e locais para abrigo, por exemplo, com bichos nativos. Dessa competição pode ocorrer que a espécie nativa perca, podendo haver, migração para áreas novas, declínio populacional e até extinções locais.
O crescimento populacional da espécie estranha ao ambiente, muitas vezes motivado pela falta de predadores, é outro problema. Com isso, esses novos habitantes de uma região podem começar a predar animais ou plantas que poderão sofrer com essa nova pressão.
Para os animais estranhos àquele ecossistema, existe o estresse pela tentativa de se adaptar à nova realidade, onde podem prevalecer condições climáticas adversas, alimentação estranha ou falta de alimentos, condições de deslocamento inadequadas (por exemplo: um macaco que vive em árvores em uma área sem árvores) e tantos outros problemas.
Em 2012, por exemplo, a prefeitura de Porto Alegre estudava o que fazer com os muitos papagaios-verdadeiros que habitavam a cidade. Os animais não são nativos da região e foram vendidos ilegalmente na cidade. Por causa de abandono ou por terem escapado de cativeiros domésticos, eles foram forçados a se adaptar à nova realidade e o fizeram com sucesso: alimentação farta nas árvores do município e parceiros ajudaram no aumento da quantidade dessas aves, que estavam competindo por alimento com espécies nativas.
– Leia a matéria completa do portal G1
– Releia a matéria sobre os papagaios de Porto Alegre, publicada em 30 de julho de 2012 pelo antigo Fauna News