Por Cristina Rappa
Jornalista com MBA Executivo de Administração e especialização em Comunicação Corporativa Internacional. Observadora de aves e escritora de livros infantojuvenis com temática voltada à conservação da fauna
educacaoambiental@faunanews.com.br
Eu sempre me interessei por natureza, sendo que, em pequena costumava colher sementes onde estivesse para depois formar mudas e plantá-las no jardim da nossa casa, em Jundiaí (SP) ou na propriedade rural da minha família materna, em Arceburgo, sul de Minas. Além de flora, gostava especialmente de fauna, preocupavam-me a preservação e o bem-estar animal, e cheguei mesmo a considerar seguir o caminho das Ciências Biológicas como profissão.
Mas o amor à leitura e à escrita me levou ao jornalismo e, mais tarde, reunindo os dois interesses, a escrever livros para crianças e jovens que os levassem a mergulhar e se apaixonar pela natureza. Eu sempre me senti muito em paz e feliz no ambiente natural e me aflige um pouco a falta de conexão com a natureza por parte das crianças das nossas cidades. Não é papo saudosista não, do tipo “no meu tempo, era mais legal”. Nada disso. Eu realmente acredito que o contato com plantas e animais, tomar banho de rio, andar descalço, que tudo isso faça bem para nossa saúde física e mental, que contribua para o nosso equilíbrio emocional.
Mas – acredito – faltam oportunidade e incentivo às crianças para isso. Os meus livros poderiam servir para dar esse clique, ajudar a incentivar, a fazer essa conexão.
Outra razão é que, ao levá-las a se interessarem por esses temas, elas poderiam se tornar os defensores do meio ambiente de amanhã, além de influenciarem os familiares mais velhos. Em outras palavras, mais gente para proteger a nossa fauna e flora.
Bom, mas nada disso teria efeito se eu não tivesse um real prazer em escrever sobre esses temas e não escrevesse com paixão. Aí, ainda surgiu o meu interesse cada vez maior pela observação de aves e – pronto! – os passarinhos foram eleitos os heróis dos meus livros infanto-juvenis, os porta-vozes das minhas ideias sobre o ambiente.
As aves estão em toda a parte – nas cidades, na mata, no campo, ou seja, todo mundo já viu um passarinho. E voam. São um bom veículo para levar mensagens, especialmente de preservação ambiental, às crianças.
Além disso, nessas viagens para passarinhar, eu aprendo e colho informações para os livros. Como a cena dos macacos-aranha-de-cara-branca dando o alerta pela ameaça de presença da harpia (Harpia harpyja), o gavião-real, um dos maiores predadores de primatas, que presenciei no alto de uma torre de observação em Alta Floresta (MT). Outra cena posteriormente reproduzida em livro é a da arena com os lindos galos-da-serra (Rupicola rupicola) aguardando para se exibirem para a fêmea, que iria escolher o parceiro entre eles. Cena que presenciei em Presidente Figueiredo (AM) e que nunca saiu da minha cabeça.
Surge o Topetinho
O primeiro livro foi lançado em 2012, pela Editora Melhoramentos: Topetinho Magnífico, que tem o beija-flor topetinho-vermelho (Lophornis magnificus), linda espécie endêmica do Brasil, como herói no combate a caçadores e traficantes de aves silvestres.
Tema que sempre me indignou, o tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal no Brasil, após – e muitas vezes ligado – ao de drogas e armas. A Melhoramentos foi ousada ao apostar em um tema sério desses para um livro infantil. Mas a linguagem ágil, cheia de diálogos e humor, de que lancei mão, e as ilustrações alegres e muito coloridas de Maurício Veneza amenizaram a seriedade do tema e conquistaram as crianças.
Desde o lançamento desse livro, costumo fazer apresentações sobre proteção ambiental e demais temáticas desse e dos livros que lançaria nos anos seguintes em escolas e instituições sociais. Em um desses encontros com crianças, um menino sugeriu: “Por que o Topetinho, que tem asas, não viaja? Para a Amazônia, por exemplo?”.
E volta o Topetinho
Pois acabei, anos e livros mais tarde, acatando a sugestão do curioso e interessado estudante e agora lanço, pelo selo Florada Editorial, que criei junto com a amiga e escritora Patrícia Engel Secco, para abrigar esse tipo de obra, meu sexto livro infanto-juvenil: As Aventuras do Topetinho Magnífico na Amazônia. Nele, resgato o protagonista do meu primeiro livro infantil para discutir questões do emblemático bioma, que tanto gera discussões e comove pessoas do mundo inteiro em função de sua importância.
Nesse novo livro, o Topetinho viaja à Amazônia, presencia um desmatamento, faz amigos, como lindas aves locais – entre elas, a ameaçada ararajuba (Guaruba guarouba) e os galos-da-serra que mencionei há pouco – e o boto-cor-de-rosa (Inia spp.). Na conversa com o boto, falo sobre a famosa lenda que o envolve e introduzo a questão da ameaça à espécie.
Pois, mesmo meus livros sendo dirigidos a crianças de 6 a 11 anos, não deixo de abordar assuntos sérios e de alta relevância. Além da caça e do comércio ilegal de silvestres, já tratei de desmatamento, falta e poluição de água, atropelamento de fauna, entre outros temas, em meus livros. Acho que esse público é bastante capaz de entender e se comover com essas questões, e, assim, fazer a diferença para essa realidade mudar.
Nessa obra, mantenho a parceria com o ilustrador Maurício Veneza, criador do primeiro Topetinho e de heróis de outros dos meus livros: O Soldadinho da Caatinga (soldadinho-do-araripe) e O Tiê da Mata Atlântica (tiê-sangue). Assinam a coordenação editorial e o projeto gráfico Patrícia e Bruna Engel Secco, respectivamente.
Como os outros livros, As Aventura do Topetinho Magnífico na Amazônia pode ser encontrado em livrarias virtuais, como A Loja dos Passarinhos, da amiga também passarinheira Tietta Pivatto, Amazon, Carrefour, Magazine Luiza e Mercado Livre, entre outras.
Ah! Está ainda sendo oferecido pela Amazon no exterior, em países como os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha e Japão. Viajado esse Topetinho, não?!
– Leia outros artigos da coluna EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Observação: as opiniões, informações e dados divulgados
no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)