Biólogo e doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade Ca´Foscari de Veneza (Itália). Desde o ano 1999, atua em licenciamentos e monitoramentos de fauna de empreendimentos portuários e costeiros, incluindo operações de dragagens, derrocagens, construção de píeres, entre outros.
Atualmente, executa monitoramentos ambientais de cetáceos e quelônios em terminais portuários do Sul do Brasil.
Os sons submarinos podem ser gerados por meio de processos meteorológicos ou geológicos (geofonia), como ondas, chuvas, ventos, trovões e eventos sísmicos, além de sons de origem biológica, a biofonia (Andrade, 2018). O termo antropofonia, referindo-se aos sons causados pelo ser humano, tais como o tráfego marítimo, atividades de exploração e produção de petróleo offshore, atividades de pesca entre outras, foi introduzido em 2011 (Pijanowski et al., 2011).
As características dessas fontes sonoras têm influência no nível de ruído de uma forma temporal e também espacial. Níveis de ruído ambiental elevados são comuns em zonas com intenso tráfego marítimo e forte presença industrial (Richardson, 1995).
O incremento do tráfego marítimo é muitas vezes apontado como um dos fatores mais importantes para elevação global do nível de ruído subaquático (Hatch, 2008). Tal elevação pode gerar impactos na fauna marinha.
A poluição sonora pode afetar todas as espécies que habitam ambientes costeiros por estarem expostas aos ruídos gerados pelo intenso tráfego marítimo, como as espécies de ordem Cetacea, da qual fazem parte os mamíferos conhecidos popularmente como golfinhos e baleias.
O som tem um papel fundamental no comportamento desses animais, servindo basicamente para o provimento de informações sobre o ambiente, incluindo orientação, comunicação intraespecífica e detecção de presas ou predadores em potencial, entre outras (Hildebrand, 2005). As respostas desses animais ao ruído podem ser comportamentais, fisiológicas ou acústicas (Tyack, 2008), podendo ser classificados em:
A detecção acontece quando os animais percebem o som, mas não exibem alterações comportamentais. O mascaramento é quando o ruído é de uma intensidade tal que impede os animais de se comunicarem eficientemente. Esse efeito altera a percepção dos animais em diversos aspectos, como a comunicação e a localização de presas ou objetos (Popper & Hastings, 2009).
O terceiro efeito é o comportar-se de um modo diferente de quando o ruído não está presente, podendo ocorrer o abandono de uma determinada área (NRC, 2005). Os demais efeitos podem ocorrer quando os níveis sonoros atingem uma intensidade que pode gerar efeitos fisiológicos, alterando a capacidade dos animais de perceberem sons. Quando essas mudanças são reversíveis, os efeitos tendem a desaparecer após a remoção da fonte sonora, e quando são irreversíveis, as alterações são permanentes (Richardson, 1995).
A permanência de cetáceos em áreas com ruído intenso (como regiões portuárias), mesmo que para fins de alimentação, pode ser prejudicial devido à sua exposição aos potenciais impactos presentes, como poluição sonora, risco de colisões com embarcações e contaminação (Richardson et al. 1995).
Considerando os potenciais impactos dos ruídos subaquáticos gerados pelo tráfego marítimo sobre a biota aquática, a adoção de medidas de monitoramento são de grande importância.
Assim os monitoramentos ambientais, executados como condicionantes no âmbito das licenças de operação dos empreendimentos efetiva ou potencialmente poluidores, geram informações relevantes referentes aos parâmetros populacionais de cetáceos ao longo do espaço e do tempo, como alterações na abundância populacional, alterações comportamentais, intensidade de uso de determinadas áreas, entre outros.
Tais informações fornecem subsídios para a tomada de decisão quanto a proteção pelos órgãos licenciadores, por exemplo. Dessa forma, a execução de monitoramentos ambientais pode fornecer informações para subsidiar a mitigação dos potenciais impactos causados pelos ruídos subaquáticos no meio ambiente.
Referências
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Biólogo e doutor em Engenharia Ambiental pela Universidade Ca´Foscari de Veneza (Itália). Desde o ano 1999, atua em licenciamentos e monitoramentos de fauna de empreendimentos portuários e costeiros, incluindo operações de dragagens, derrocagens, construção de píeres, entre outros. Atualmente, executa monitoramentos ambientais de cetáceos e quelônios em terminais portuários do Sul do Brasil.
