Por Silvana Davino
Bióloga e responsável técnica da Área de Soltura Monitorada (ASM) Cambaquara, em Ilhabela (SP)
segundachance@faunanews.com.br
As solturas não param aqui na Área de Soltura Monitorada de Fauna Silvestre (ASM) Cambaquara, em Ilhabela (SP)! Escolhemos esta época do ano para realizar solturas, pois é na primavera-verão que há maior abundância de alimento nas matas e acontecem nascimentos de filhotes. Este período é o mais propício para soltar as aves, que terão mais chance de se juntarem ao grupo dos jovens nascidos e também encontrar alimento com maior facilidade.
Neste mês de fevereiro, soltamos 28 tiribas-da-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis) e recebemos 38 convidados para um café da manhã durante a soltura. Este é o momento em que as pessoas que fizeram a entrega dos tiribas ou famílias com crianças conhecerem nossa instituição, uma vez que a visitação pública não é permitida. Convidamos também vários vizinhos, que muitas vezes recebem em seus comedouros nossas aves anilhadas e que sempre nos relatam os avistamentos com muita alegria e entusiasmo.
A grande maioria dos tiribas soltas é de filhotes retirados dos telhados. Outra parte vem de colisão com janelas de vidros ou com automóveis e há as que são vítimas de ataques de animais domésticos.
Assim que o janelão do recinto foi aberto, colocamos um prato com frutas e sementes. Alguns deles já saíram voando, outros se detiveram para se alimentar e, depois de alguns minutos, um bando saiu voando a explorar o entorno. Já no período da tarde, o viveiro se encontrava vazio.
Nos dias subsequentes, monitoramos muitos dos tiribas voando por perto, voltando para dormir no viveiro e se alimentando nos comedouros próximos. Aos poucos, eles vão ampliando a área explorada, se alimentam de frutos nativos e começam a interagir com os tiribas selvagens.
Essas aves voam cruzando o céu em um grande bando e depois se separam em pequenos grupos. É uma espécie gregária, sendo mais uma vantagem para sobreviverem na natureza. Movimentam-se bastante rápido, desviando de obstáculos, por isso são conhecidas por “fura-mata”.
Características do tiriba-da-testa-vermelha
O tiriba-da-testa-vermelha Pyrrhura frontalis é um periquito que mede até 28 centímetros de comprimento e pode pesar até 90 gramas. É verde, com vermelho na face interior da cauda, no peito e acima do bico. Ao redor dos olhos é branco e as pontas das asas azuladas.
Se alimenta de pequenos frutos, sementes e castanhas e é bem comum vê-lo de ponta cabeça para se alimentar. Faz seu ninho em ocos de árvores e colocam de três a cinco ovos que são incubados por 30 dias pela fêmea. Os filhotes são alimentados pelo pai nos 45 dias subsequentes.
Vivem em bandos de 10 a até 40 indivíduos. Sua área de ocorrência vai da Bahia ao Rio Grande do Sul, Mata Atlântica de Goiás, sul do Mato Grosso do Sul, Uruguai, Argentina e Paraguai. Habita regiões florestais e, apesar de não estar ameaçada de extinção, sofre com a perda de hábitat.
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