Por Elisângela de Albuquerque Sobreira
Médica veterinária, mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em Animais Selvagens pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu)
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Dos vinte vírus que pertencem à família Coronaviridae, a subfamília Coronavirinae coletivamente possui uma ampla variedade de hospedeiros, incluindo uma maior diversidade em animais selvagens, animais de produção, animais de estimação e humanos.
O MERS-CoV pertence ao grupo beta-coronavírus do grupo C, cujo reservatório principal são os morcegos insetívoros. Os coronavírus de morcego relacionados ao MERS-CoV foram encontrados em morcegos-de-nariz-liso, da família Vespertilionidae, na Europa, Ásia e África do Sul.
O coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) foi identificado em pacientes com dificuldade respiratória grave no Oriente Médio, em meados de 2012. A maioria dos pacientes confirmados tiveram pneumonia ou síndrome do desconforto respiratório agudo. Embora os morcegos possam ser o principal reservatório de MERS-CoV, estudos de vigilância encontraram altas taxas de soropositividade em camelos e dromedários de vários países do Oriente Médio.
Os animais de produção podem ser um hospedeiro intermediário em potencial para infecções humanas por MERS-CoV. Eles geralmente vivem em grandes números e em contato próximo com os seres humanos através do consumo do leite e da carne. O histórico de pacientes com a infecção por MERS sugere transmissão por contato com cabras ou dromedários. Estudos sorológicos confirmaram que os dromedários são um potencial reservatório para infecções por MERS-CoV em humanos. Os dromedários infectados apresentam como sintomas apenas coriza. Ainda não se sabe se o humano foi infectado pelos dromedários ou vice-versa, ou se ambos foram infectados por uma terceira fonte desconhecida.
Os dromedários têm sido ligados às culturas do deserto há séculos, com interesses econômico e cultural. Seu papel como animal de carga e meio de transporte diminuiu acentuadamente nas últimas décadas e estão sendo utilizados principalmente para produção de leite e carne, podendo o consumo desses produtos ser fonte de transmissão do MERS-CoV. Além disso, eles são criados e treinados especialmente para competições de corrida e participam de concursos de beleza, estando cada vez mais próximos dos seres humanos.
Velhice, comorbidade e diminuição da imunidade são fatores de risco em humanos para infecção por MERS-CoV.
A transmissão de humano para humano é descrita ocasionalmente. Isso diz respeito principalmente a infecções hospitalares. O MERS-CoV pode ser transmitido de pessoa para pessoa por contato direto, gotículas respiratórias ou aerossóis. A maioria dos casos relatados foi de doença respiratória grave exigindo hospitalização, com letalidade de cerca de 35%. Febre, calafrios, mialgia e tosse são comuns. Sintomas gastrointestinais como diarréia, vômitos e/ou dor abdominal ocorrem em cerca de um terço dos pacientes.
O tratamento MERS é de suporte. Para ajudar a prevenir a propagação de casos suspeitos, os profissionais de saúde devem usar precauções universais de contato e de transmissão respiratória.
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