
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
O Fauna News publicou hoje a reportagem “Desmatamento na Amazônia avança para áreas antes intocadas”, que trata do aumento do desmatamento na região em março e abril quando comparado aos mesmos dois meses de 2020. Em 16 de abril, veiculamos o artigo “Delegado da PF fecha a porteira para a boiada de Salles, acusa ministro de crimes e perde cargo”, sobre as acusações do ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva, contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, de envolvimento com crimes cometidos por madeireiros investigados após a maior apreensão de madeira da Amazônia, ocorrida no final de 2020, no Pará.
A Amazônia e a luta pela sua conservação, o que inclui utilização e ocupação sustentáveis, continuam como protagonistas dos noticiários e da política nacionais. Resultante de mais uma denúncia da PF de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando contra Salles e Bim, hoje aconteceu uma grande operação policial e o afastamento de servidores do Ibama.
“A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta 4ª feira (19 de maio de 2021), busca e apreensão em endereços ligados a Ricardo Salles e ao Ministério do Meio Ambiente.
A ação tem como objetivo, segundo a PF, apurar crimes corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando. Os delitos teriam sido praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
Cerca de 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo e Pará. A operação, batizada de Akuanduba, foi deflagrada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a decisão.
A decisão judicial ainda determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles. A casa do ministro do Meio Ambiente, na região central de São Paulo, o imóvel funcional que ele ocupa em Brasília e um gabinete da pasta no Pará estão entre os endereços visitados pelos agentes da PF.
A Justiça também ordenou o afastamento preventivo de nove agentes públicos ocupantes de cargos e funções de confiança no Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) e no Ministério do Meio Ambiente. Um deles é Eduardo Bim, presidente do Ibama. (…)

O Supremo ainda estabeleceu a suspensão imediata da aplicação do Despacho nº 7036900/2020/GAB/IBAMA. A medida teria sido elaborada a pedido de empresas com cargas apreendidas no exterior e resultou na regularização, segundo a PF, de cerca de oito mil cargas de madeira ilegal.
O Poder360 procurou o Ministério do Meio Ambiente, o Ibama e o ministro Ricardo Salles, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Servidores afastados
Eis os nomes dos servidores que foram afastados por ordem do ministro Alexandre de Moraes:
-Eduardo Fortunato Bim, presidente do Ibama;
– Leopoldo Penteado Butkiewicz, assessor especial do gabinete do Ministro do Meio Ambiente;
– Wagner Tadeu Matiota, superintendente de Apuração de Infrações Ambientais;
– Olímpio Ferreira Magalhães, diretor de Proteção Ambiental do Ibama;
– João Pessoa Riograndense Moreira Junior, diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama;
– Rafael Freire de Macedo, coordenador-geral de Monitoramento do Uso da Biodiversidade e Comércio Exterior do Ibama;
– Leslie Nelson Jardim Tavares, coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama
– André Heleno Azevedo Silveira, coordenador de Inteligência de Fiscalização do Ibama;
– Artur Vallinoto Bastos, analista ambiental do Ibama no Pará.
Akuanduba
A operação foi batizada pela PF de Akuanduba, divindade dos índios Araras, do Pará, que tocava sua flauta para trazer ordem ao mundo. Um dia, por causa da desobediência dos seres humanos, eles foram lançados na água. Os poucos sobreviventes tiveram que aprender do zero como dar continuidade à vida.” – texto da matéria “PF faz busca e apreensão contra Salles e Ministério do Meio Ambiente”, publicada em 19 de maio de 2021 pelo site Poder360
Em seu perfil no Twitter, Saraiva, que foi afastado da chefia da Superintendência da PF no Amazonas logo após denunciar Salles e Bim, escreveu hoje de manhã:
“Salmo 96:12: “Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta.”