
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
Tem sido cada vez mais comum, o resgate de grandes felinos após atropelamentos, com ferimentos promovidos por caçadores ou por terem sido encurralados em áreas urbanas. Se a situação envolver animais adultos e a saúde permitir, as solturas ocorrem. Mas quando o problema envolve filhotes, a situação muda. E bastante.
Filhotes de onças-pardas (Puma concolor) ou onças-pintadas (Panthera onca) acabam indo parar em centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetas, Cras ou Cetras) quando apreendidos em cativeiro ilegal (ninguém sabe o que aconteceu com a mãe, mas geralmente foi caçada) ou quando encontrados sozinhos (sendo possível a mãe ter saído para caçar, o que significa que o pequeno felino não foi abandonado). Infelizmente, criou-se uma regra geral para esses casos: sem a mãe, o animal nunca vai aprender a ter autonomia em vida livro, ou seja, permanecerá o resto da vida em cativeiro.
Mas, dependendo da instituição que recebe a oncinha, a abordagem muda. Aos poucos, havendo interesse e alguma infraestrutura, profissionais investem na reabilitação. É o que está acontecendo com Diego.
“Na manhã da última quinta-feira (05/08), o felino chegou ao seu novo lar: o Centro de Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), unidade da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), localizado em Petrolina, no Sertão do São Francisco, onde completará o tempo de reabilitação para o seu retorno à natureza. Quando chegou ao Cetas, em setembro de 2016, Diego era apenas um filhotinho assustado, que tinha se perdido da mãe, na zona rural do município de Serrita, no Sertão Central de Pernambuco. O felino foi encontrado por moradores, após a mãe dele ser atacada por cachorros.
“Ao longo desses cinco anos, Diego passou por reabilitação e tratamento a base de cálcio, pois ele não foi amamentado e ficou com descalcificação óssea . Hoje, a situação está revertida e é um animal saudável”, comentou o gerente da Unidade de Fauna Silvestre, Iran Vasconcelos. Pesando, aproximadamente, 40 quilos e medindo cerca de um metro, Diego fez a viagem de volta ao Sertão, na noite da última quarta-feira (4). “Temos o cuidado de não gerar problemas aos animais silvestres, no momento do translado. Por isto, as viagens são sempre à noite ou cedo das madrugadas”, comentou Vasconcelos. Entretanto, antes de voltar a correr livre pela Caatinga, Diego vai passar por um período de adaptação no Cemafauna. De acordo com Vasconcelos, ele deve passar um ano no local, para concluir sua reabilitação: ” ele voltou para o Sertão, para absorver o clima da Caatinga. Está num ambiente maior para aperfeiçoar seus movimentos e caçar suas presas. É um animal que estava perdido para a natureza”, destacou o gerente.
Durante o período de adaptação, a onça continuará sob o acompanhamento da CPRH. Os profissionais que cuidaram dele, no Cetas, farão avaliações periódicas no animal. Será também uma forma de, aos poucos, irem se despedindo de Diego. “Mesmo mantendo a distância, nós temos carinho por ele. Ele não nos via e nós o víamos de forma camuflada. Sentiremos falta de Diego. Afinal, chegou para nossos cuidados, quando ainda era um “gatinho”, comentou o gestor do Cetas Tangara, Yuri Valença.” – texto de divulgação “Diego, a onça puma que foi criada no Cetas Tangara, é levada de volta ao Sertão”, publicado em 6 de agosto de 2021 no site da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH)
