Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda em Ecologia pela mesma universidade, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS).
Seus principais interesses são conservação de vertebrados, ecologia de rodovias, mastozoologia, etologia, ecologia de felinos e educação ambiental.
São classificadas como espécies exóticas aquelas que estão em um local que não é o seu ambiente de ocorrência original. Essas espécies são trazidas, seja intencional ou acidentalmente, por meio de ação humana. Também podem ser classificadas como invasoras quando as populações prevalecem no ambiente que foram inseridas e acabam prejudicando as populações nativas.
Rodovias podem ser portas de entrada para diversas espécies exóticas invasoras, mais comuns para as plantas exóticas que aproveitam a oportunidade da supressão vegetal nativa da beira da estrada para se estabelecer em locais “vagos”. Além disso, há facilidade de dispersão com o auxílio dos automóveis, seja através dos pneus, seja pela perda de grãos em veículos de transporte. Quanto à fauna exótica, as estradas também podem funcionar como grandes corredores para acessar diferentes áreas, não apenas com o deslocamento individual, mas também com a ajuda humana que utiliza as rodovias como facilitadoras para o tráfico ilegal de fauna.
Atropelamentos de animais
Porém, outra relação das rodovias com animais exóticos são os atropelamentos. Acabei motivada a escrever este artigo depois de me deparar com a seguinte notícia: Hipopótamo de Pablo Escobar morre atropelado na Colômbia. Nunca imaginaríamos que em terras latino-americanas iríamos colidir com um hipopótamo. Porém, o tráfico ilegal dessa espécie possibilitou esse tipo de acidente.
No Brasil, também há conflitos com fauna exótica invasora. É comum encontrarmos notícias de atropelamentos envolvendo javalis e cervos chitais. Esses animais são de grande porte e podem ocasionar danos físicos e materiais em colisões. A grande problemática com a fauna exótica é que cada vez mais ela pode se tornar abundante por não ter predadores nos ambientes em que não ocorrem naturalmente. Com o aumento das populações, elas se tornam mais disponíveis para serem atropeladas. Além disso, podem se aproximar mais de rodovias, por serem ambientes perturbados, que facilitam o estabelecimento de espécies invasoras.
Cervo de espécie exótica correndo em Jaraguá do Sul (SC) – Vídeo: Portal SCC
Sem considerar questões éticas e o bem-estar animal (que podem ser discutidas em outro momento), o controle de espécies exóticas mais difundido é o abate dos animais. Assim, atropelar um animal exótico invasor poderia estar ajudando no manejo desse problema. Entretanto, obviamente, isso envolve muitos riscos aos humanos e NÃO deve ser uma prática recomendada. Além do mais, pessoas não habilitadas não devem realizar o controle de animais exóticos. Ainda assim, a morte desses animais não inibe a introdução de espécies exóticas. É preciso integrar estratégias de conscientização e responsabilização da população no tráfico de animais exóticos.
Devemos considerar essas relações negativas com as rodovias como mais um problema a ser levado em conta ao discutir a introdução e o manejo de animais exóticos. A presença de fauna exótica representa um grande impacto para a biodiversidade e, além dos impactos ecológicos, aumenta o risco de colisões de alto risco em rodovias.
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Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda em Ecologia pela mesma universidade, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS). Seus principais interesses são conservação de vertebrados, ecologia de rodovias, mastozoologia, etologia, ecologia de felinos e educação ambiental.
