Por Daniel Campesan¹ e Larissa Ferreira²
¹Gestor e analista ambiental pela Universidade Federal de São Carlos. Educador da Fubá Educação Ambiental atuando no Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS)
²Graduanda em Gestão e Análise Ambiental. É estagiária na Fubá Educação Ambiental e colaboradora do Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia – NAPRA
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O ano de 2020 surpreendeu a todos com a chegada da pandemia. Grandes mudanças e reestruturações foram necessárias para a área da educação, alterando toda a nossa forma de trabalho e as ações que planejamos. E não foi diferente para a educação ambiental, em que a presença nos espaços educadores e a proximidade com as pessoas são fatores importantes para o processo educativo.
Um dos momentos mais complicados para nós, educadoras e educadores que atuam em conservação, foi reelaborar toda nossa forma de trabalho para um contexto inesperado, principalmente na busca por novos espaços educadores. Quando pensamos na educação ambiental transformadora, o ambiente no qual a atividade está inserida tem um papel muito importante: aguçar e provocar todos os sentidos humanos!
Nesse horizonte de incertezas, o caminho que apresentou maior potencial foi trazer com ainda mais força o uso das tecnologias e as ferramentas digitais. O papel da tecnologia foi de grandioso (imenso ou enorme) valor para a ressignificação desses novos espaços. Com a tecnologia surgiram diferentes alternativas, tais como os cursos e oficinas on-line, visitações virtuais e aplicativos educativos. Esse é o potencial que as mídias digitais e as tecnologias nos possibilitam. Diversos espaços educadores, como os zoos, escolas e projetos de conservação, puderam compartilhar seus trabalhos virtualmente.
Temos como exemplo as visitas virtuais, que podem ser autoguiadas ou guiadas por um(a) educador(a). Os espaços educadores que recebem visitantes podem assim imaginar outras possibilidades que permitam que, enquanto a visitação presencial não é possível, as pessoas ainda estejam em contato com o lugar e aprendam de maneira leve e divertida.
Em tempos de pandemia, a Fubá Educação Ambiental resolveu oferecer uma experiência virtual para o Parque Ecológico de São Carlos (SP) e instigar o conhecimento sobre vários representantes da fauna. Também temos exemplos de projetos de conservação que têm realizado trilhas interpretativas guiadas por educadoras(es) e utilizado de recursos audiovisuais para ampliar as experiências e estimular a imaginação das pessoas.
Para 2021, mesmo com as vacinas, teremos muitas incertezas e precisaremos de bastante paciência e resiliência. O isolamento social provavelmente ainda será uma das principais formas de controle do vírus. Frente a esse futuro ainda de distanciamento, o uso das tecnologias se torna imprescindível para a educação. Enfatizamos aqui que acreditamos que as tecnologias atuais não são capazes de substituir as vivências, as sensações e as reflexões estimuladas pelas ações educativas que permitem os bons encontros presenciais. Porém, tanto no contexto vivido quanto no cenário em que já poderemos nos encontrar de maneira segura presencialmente, elas têm muito a contribuir e podem potencializar o processo de ensino-aprendizagem.
O ano de 2020 foi muito difícil e triste em diversas esferas para a sociedade mundialmente. Não podemos esquecer que 2021 ainda exigirá que tenhamos mais empatia, respeito e cuidado com as pessoas ao nosso redor. Ao mesmo tempo, não deixamos cair no esquecimento as muitas aprendizagens que esse ano atípico nos proporcionou. Estivemos distantes, mas, ao mesmo tempo, muito próximos. Com o uso das tecnologias, pudemos nos conectar com pessoas de todo o Brasil e até mesmo de outros países. Pudemos conhecer formas diferentes de educação, saberes e culturas. Tivemos a oportunidade de olhar para algo que já conhecíamos sob outra perspectiva. Tivemos o momento para repensar os nossos valores.
Para o ano que vai começar, esperamos que, com um leque de possibilidades de ferramentas e instrumentos para fortalecer a educação ambiental para a conservação, as educadoras e educadores fortaleçam também as suas motivações e inspirações para reconhecer que todas as formas de vida importam.
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