Questione a origem dos animais em cativeiro para começar a entender conservação

Este texto é para qualquer pessoa, de qualquer idade e de qualquer profissão. É para quem tem a curiosidade de saber mais sobre natureza, conservação e bem-estar animal. A ideia aqui é abordar coisas simples para que qualquer indivíduo, quando se deparar ou visitar animais silvestres em cativeiro, possa ter um início de visão crítica sobre o que está observando, seja em um zoológico, em uma pousada que mantenha fauna como atrativo, em fazendinhas, passando por postagens em redes sociais de famosos ignorantes e chegando até uma pessoa que você conhece, vizinho ou amigo, que possui um animal silvestre.

Qual a origem do animal que estou vendo?

Para iniciar a percepção da conservação, quando você presenciar um animal silvestre em cativeiro, a primeira coisa que você deve pensar é sobre a origem dele. Como ele foi parar ali? Quem o levou para aquela restrição de liberdade? Ele foi comprado? Foi retirado da natureza?

A partir do momento que começa esse tipo de questionamento, você está querendo saber, mesmo sem querer, se o animal cativo está ali por algum motivo conservacionista ou por exploração de sua imagem. Se houver oportunidade, questione o responsável.

Especialistas em cometer crimes

Nos últimos anos, durante meu trabalho, é mais que comum nos depararmos e prendermos profissionais que deveriam zelar pela conservação e bem-estar dos animais silvestres. São biólogos, médicos veterinários, zootecnistas e alunos universitários, todos cometendo crimes contra os animais, desde tráfico, reprodução ilegal de animais exóticos e nativos, laudos elaborados com falsidades, esquentamento de animais e doações de animais saudáveis para fins comerciais.

Além disso, existem os que têm diversos títulos e prestígio, mas que mantêm os animais armazenados para fazerem filhotes e os comercializarem. Pergunte para eles se há alguma preocupação sobre qual vai ser o destino do animal vendido ou se eles levam em consideração “as cinco liberdades”. Será que se importam ou o que importa é produzir filhotes e ganhar uma grana em cima do arrancamento de penas dos pais, que vão morrer em cativeiro fazendo filhotes? Ser formado e especialista não significa ser conservacionista.

Criação amadorista de passeriformes e conservação do aprisionamento

Os números mostram: os maiores estimuladores de retirada e caça de pássaros silvestres são os criadores de passeriformes. Aqui, é claro, não me refiro à minoria, que tem lá o seu pássaro com origem e anilha legais (mesmo que eu ache pássaro em gaiola um símbolo da ignorância). Geralmente, essa minoria não se mistura em torneios, pois sabe que lá comercializam as aves, anilhas, cadastros e transferências de pássaros; tudo de forma ilegal.

Essa maioria de criadores vai à televisão e às redes sociais mentir, dizendo que amam a natureza e que os pássaros só existem ainda por causa deles. Uma mentira deslavada, em que a intenção é tentar justificar que o aprisionamento de pássaros é lindo e um ato de conservação. É claro que só eles conseguem acreditar nisso.

“Lavadores verdes” se disfarçam de conservacionistas

Nos últimos tempos, os criadores vêm sendo desmascarados pelas investigações policiais. E digo mais: não só no Brasil, mas também em muitos outros países! Podem ter certeza: suas falsas máscaras de conservacionista vão cair e seus rostinhos de “lavadores verdes” ficarão expostos.

“Lavadores verdes” é um termo que utilizo para personificar os que cometem o chamado greenwashing. Pesquise sobre isso. Esse termo, que vem sendo utilizado dentro das investigações policiais, se refere aos falsos conservacionistas, aos falsos projetos que usam o termo conservação para explorar os animais silvestres que adquirem.

Usam  “conservação, preservação e cuidados” para montar uma fraude e traficar animais de origem comercial capturados na natureza. Antes, isso corria solto. Como eu disse, nem todo especialista é um conservacionista, mas um conservacionista de verdade não precisa ser formado para perceber a crueldade que vem sendo demonstrada.

Nunca acredite em alguém apenas por seu currículo, pois os piores seres usam sua formação acadêmica e seu prestígio para fazerem as piores atrocidades. Currículos, títulos e autoria de livros são inquestionáveis, mas fatos e condutas podem não ser condizentes com palavras, que são usadas para falso convencimento. Acredite no que você vê e percebe e não apenas no que falam.

Conclusão

Olhe, perceba, raciocine e questione (às vezes, é bom não falar nada). Acima de tudo, reflita para não ser enganado ou manipulado. Uma das grandes armas dos grandes pilantras é a roupa que vestem sobre seus vastos conhecimentos.

Até a próxima.

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