Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br
Nomes populares: mutum-do-sudeste, mutum-de-bico-vermelho
Nome científico: Crax blumenbachii Spix
Estado de conservação: “em perigo” na lista da IUCN e “criticamente em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
O mutum-do-sudeste é uma espécie endêmica (que só existe em uma região) da Mata Atlântica, com uma área de distribuição bastante pequena, indo do sul da Bahia até a cidade do Rio de Janeiro e atingindo o leste de Minas Gerais. E se essa área é restrita, mais restrito ainda é o que sobrou de floresta na região. Vários ciclos de desmatamento foram acabando com o habitat do mutum-do-sudeste. Junte-se a isso a caça, tanto por lazer quanto por subsistência, e o resultado é que atualmente estima-se não haver mais que 250 indivíduos adultos da espécie em vida livre.
A conservação da espécie é realmente preocupante. No Rio de Janeiro, ela é considerada “provavelmente extinta”. Em 2004, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), junto com setores da sociedade civil, desenvolveu o Plano de Ação Nacional para Conservação do Mutum-do-sudeste (PAN Mutum-do-sudeste). Desde então, o conhecimento da biologia básica da espécie avançou bastante, especialmente na criação em cativeiro e reintrodução na natureza. Mas ainda faltam informações para que as ações voltadas à sua conservação possam ser mais efetivas e difundidas.
O mutum é uma ave galliforme da família Cracidae. Galliformes são aves de tamanho médio ou grande, que geralmente andam em passo rápido. Além disso, é comum nessa ordem o macho ser mais colorido que a fêmea, exatamente como acontece com o mutum-do-sudeste. O macho da espécie é negro, com abdômen branco, pernas acinzentadas e tem a base do bico em um vermelho vivo – daí seu outro nome popular, mutum-de-bico vermelho. Já a fêmea é cor de ferrugem, com pernas avermelhadas e base do bico negra.
O macho emite uma vocalização profunda de baixa frequência, que pode ser detectada ao longe, principalmente durante as noites da estação reprodutiva, que vai de setembro a fevereiro. Apesar de ter uma capacidade de voo limitada, quando assustados voam para a copa das árvores. E é nela também que fazem seus ninhos.
Aves da espécie têm hábitos diurnos e passam boa parte do tempo forrageando no solo. O mutum se alimenta de frutos caídos, folhas, brotos, insetos, moluscos e pequenos vertebrados. Cumpre o papel de dispersor de sementes e é presa de médios e grandes carnívoros e de aves de rapina de maior porte.
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