
“Dois guardas municipais de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, lotados na Secretaria Municipal do Meio Ambiente, foram detidos na madrugada desta quinta-feira (23) com 25 pássaros silvestres de diversas espécies. Segundo a Polícia Civil, a dupla é suspeita de comercializar os animais apreendidos por eles mesmos em ações de combate a crimes ambientais. Além dos pássaros, foram apreendidos no alojamento da sede da secretaria, um revólver calibre 38, munições e R$ 7 mil.
"Eles são pagos para fiscalizar e proteger esses animais, mas estão fazendo o contrário disso", lamentou Alexandre Ziehe, delegado titular da 105ª Delegacia de Polícia. A operação, realizada pela Polícia Civil das DPs do Retiro e Itaipava, começou às 5h30. Além dos delegados titulares das unidades, oito agentes do setor de homicídio participaram da ação.
A dupla foi levada para a delegacia do Retiro junto com todos os pássaros e material apreendidos. De acordo com Alexandre Ziehe, eles vão responder pelo porte ilegal de arma de fogo e serão indiciados por prevaricação, pois deixaram de apresentar os pássaros apreendidos para satisfazer desejo próprio; por peculato, por furto praticado por funcionário público; e ainda vão responder por crime ambiental, por manter em casa animais da fauna silvestre. Como a venda dos animais não foi comprovada, a dupla ainda está sendo investigada sobre o fato.
O caso foi descoberto após denúncia de uma vítima que, na última segunda-feira (20), teve um curió avaliado em mais de R$ 10 mil apreendido pelos suspeitos, que não registraram o caso na delegacia. Alexandre Ziehe acredita que outras vítimas podem aparecer com a descoberta da ação da dupla.
“É possível que outras pessoas lesadas por eles busquem agora a delegacia para denunciá-los. Eles apreendiam os pássaros e não apresentavam os animais na delegacia, como é o procedimento padrão. E parece que ainda lucravam com esses animais”, explicou o delegado da 105ª. De acordo com Ziehe, os irmãos trabalharam cerca de 20 anos na Secretaria de Segurança Pública e há aproximadamente oito anos estão lotados na Secretaria do Meio Ambiente.” – texto da matéria “Polícia investiga guardas suspeitos de omitirem apreensão de pássaro”, publicada em 23 de julho de 2015 pelo portal G1
A corrupção e os desvios de conduta sempre são um problema em qualquer sistema de fiscalização. É assim nas polícias, na fiscalização aduaneira, na Receita Federal e também quando a questão é ambiental. Na área da fauna silvestre, anilhas são falsificadas, o sistema de registro de pássaros é fraudado e quem deveria reprimir o crime faz vista grossa ao tráfico de animais, cobra para não prender e apreender ou, pior, é o traficante. É o que está sendo investigado em Petrópolis.
Para funcionar bem, todo e qualquer sistema de controle e repressão tem de estar baseado na transparência de seus atos e na honestidade de seus agentes. Trabalhando com lisura, ganha-se credibilidade, confiança da população e respeito – o que é essencial para elevar a fiscalização a um patamar também educativo.
Infelizmente, sempre há as maçãs podres. E, no Brasil, há muitas maçãs podres.
Mas, felizmente, há agentes de fiscalização e repressão que cumprem sua função exemplarmente e, principalmente, há gente que denuncia. Não se deve fazer vista grossa quando se depara com um ilícito, como animais silvestres sendo criados como bichos de estimação sem autorização ou o comércio ilegal de animais em feiras de rua ou na internet. Lembre-se, o poder público funciona sob pressão e demandas da população. Assim, o combate ao mercado negro de fauna só será efetivo a partir do momento em que o número de denúncias for grande e a sociedade passar a exigir comprometimento dos governantes.
Faça sua parte, denuncie e force o poder público a se aparelhar e atuar em favor da fauna silvestre.
– Leia a matéria completa do portal G1
– Saiba como ajudar a combater o tráfico de animais