Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS).
Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos viários sobre a fauna.
Um dos grandes desafios no planejamento de redução de impactos de rodovias é identificar quais rodovias são mais impactantes e onde medidas de mitigação podem trazer os maiores benefícios para a biodiversidade com os menores custos.
Pensando no impacto de fragmentação de hábitat, que pode alterar os padrões de movimentação animal e afetar a persistência das populações, e em uma avaliação prática e rápida, pesquisadores propuseram uma nova abordagem que permite priorizar rodovias dentro de uma malha viária. A proposta está baseada na teoria de grafos que usa pontos (nós) para representar objetos e linhas (arestas) para mostrar as ligações entre eles. Essa teoria matemática tem ajudado a entender vários tipos de redes como estradas, internet e até caminhos da natureza.
Na proposta dos pesquisadores, em uma paisagem, os nós representam os polígonos de terra isolados pelas rodovias, enquanto as conexões entre esses nós são as rodovias. A partir dessa base é possível utilizar diferentes métricas espacializadas para identificar as conexões mais importantes e, portanto, as rodovias prioritárias para receber mitigação. Entre as métricas podem ser usadas métricas de conectividade, de qualidade do hábitat e de proporção de vegetação nativa, por exemplo.
Em um estudo de caso, os pesquisadores demonstraram como usar essa abordagem através do programa R, utilizando o pacote “gDefrag”. O objetivo foi identificar as rodovias mais importantes para receber mitigação na península Ibérica, tendo como espécies-alvo todos os mamíferos carnívoros nativos da região. Para isso, foram usadas duas métricas diferentes: uma relacionada à qualidade do hábitat e outra à conectividade.
Como resultado, foram identificadas 35 rodovias como de alta prioridade para mitigação, localizadas principalmente no norte da Espanha e na fronteira entre Portugal e Espanha. Essas vias cortam regiões com hábitats de alta qualidade e têm grande impacto na conectividade funcional da paisagem.
A metodologia utilizada é simples, mas permite fazer avaliações em diferentes escalas para variadas espécies e considerando várias métricas. Outra vantagem é a não obrigatoriedade de coleta de dados em campo ou de dados de mortalidade, já que pode se beneficiar exclusivamente de atributos da paisagem. É uma abordagem com potencial para ser utilizada na tomada de decisão de quais rodovias merecem um olhar mais detalhado quanto a mitigação da perda de conectividade. Convido a quem tem interesse e quem avalia esse impacto de rodovias, ou outras infraestruturas lineares, a conhecer melhor essa ferramenta.
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Possui graduação em Ciências Biológicas e mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é doutoranda pela mesma instituição, trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS). Seus interesses estão ligados à conservação da natureza, principalmente à Ecologia de Rodovias para a compreensão dos impactos dos empreendimentos […]
