
O combate ao mercado negro de fauna tem de ser estruturado sobre vários pilares: a imprescindível educação ambiental, programas de geração e substituição de fontes de renda para combater a pobreza nas áreas de coleta e captura, legislação com punição severa (tipificando o crime “tráfico de fauna” e diferenciando as penas para quem cria sem autorização das penas para quem trafica), boa infraestrutura para o pós-apreensão (com atendimento de biólogos e veterinários imediatamente após a apreensão, centros de triagem em quantidade suficiente e aparelhados e áreas de soltura em bom número e monitoradas) e, lógico, que repressão eficiente e sem corrupção.
Infelizmente, no Brasil, o poder público não quis enxergar tais necessidades, investindo apenas em repressão. E, mesmo assim, sem um bom trabalho de investigação para incomodar (já que não vão para a cadeia) os intermediários responsáveis pela compra de quem captura e pela venda aos que atuam no varejo.
Na Paraíba, o aparelho repressor (Polícia Militar Ambiental) está tentando fazer a sua parte: agiu em duas feiras nos dias 11 e 12 de outubro e apreendeu 144 aves.
“A Polícia Ambiental realizou na manhã deste domingo (12) uma operação na Feira da Prata em Campina Grande onde apreendeu 64 aves silvestres, que eram comercializadas irregularmente no local. No sábado (11) outras 80 aves foram apreendidas na feira livre de Santa Rita, Região Metropolitana de João Pessoa.
Ao todo, 144 aves foram resgatadas pela Polícia Militar Ambiental da Paraíba, apenas neste final de semana. Segundo dados levantados pelos policiais, pelo menos, 2.000 animais já foram resgatados este ano, destes aproximadamente 1.500 são aves.” – texto da matéria “Ação policial em feira de Campina Grande resgata aves silvestres”, publicada em 12 de outubro de 2014 pelo portal G1
Apesar das ações, é lamentável ver a fiscalização coibindo apenas o final da corrente do tráfico, em que se apreendem as aves e ninguém é preso. Por que não agem nas regiões de captura ou identificam os traficantes de fauna de maior porte? Atuar no varejinho das feiras é importante, mas também bastante cômodo como forma de dar uma resposta à sociedade e ineficiente como ferramenta para a redução do mercado negro.
Sem uma ação integrada dos órgãos do poder público com a sociedade, trabalhando nos cinco pilares citados acima, o tráfico de animais silvestres continuará a existir forte.