Pré-Cetras: ação para redução de mortes de animais apreendidos

Sabemos que a atividade criminosa de captura de espécimes da fauna silvestre gera uma grande quantidade de óbitos. E esse número só cresce durante o transporte pelos traficantes, até mesmo quando são interceptados pelos agentes responsáveis e encaminhados a um centro de triagem e reabilitação de animais silvestres (Cetas, Cras ou Cetras) ou para um órgão de acolhimento de fauna. Porém em todo esse processo, as maiores perdas de fauna acontecem na interceptação do traficante pela autoridade policial. É um curto espaço de tempo (entre 6 a 48 horas), mas que as vítimas do tráfico ficam à sua própria sorte.

O policial tem que, nesse momento, realizar o flagrante, fiscalizar o veículo, as pessoas, a situação, confeccionar a documentação, fazer diversos contatos e encaminhar os infratores e a fauna apreendida. E não existe suporte algum para os animais que, a essa altura, já estão completamente estressados e lutando com as últimas forças para se manterem vivos.

Pensando nessa falha, profissionais empenhados no combate ao tráfico de animais silvestres pensaram em uma resposta simples, prática, barata e eficiente: um “pré-Cetras”. A ideia é de um pequeno local que funcione durante as apreensões de fauna. Uma estrutura simples e reduzida, adaptada para manter os animais com dignidade por um curto espaço de tempo, até sua destinação a um Cetras, respeitando as necessidades e qualidade de vida. Seria um local feito para comportar aves, répteis e outros animais das espécies mais comumente traficada, com condições controladas, espaço devidamente ventilado e disponibilidade de alimentação adequada, amparado por profissionais competentes e onde o estresse dos espécimes fosse reduzido, aumentando, assim, a probabilidade de sobrevivência dessas vítimas.

Com isso, o Cetras indicado para receber os animais teria tempo hábil de preparar recursos humanos e espaço para fazer a correta recepção. Hoje sabemos que a Polícia Rodoviária Federal, as Polícias Militares Rodoviárias, as PMs ambientais e delegacias do meio ambiente não possuem essa pequena estrutura totalmente necessária. Em qualquer ocorrência, a história sempre se repete: os animais ficam nas caixas de transporte precárias durante horas e horas, sob condições de altas temperaturas, sem ventilação adequada, água, alimentação e espaço mínimo, esperando a burocracia policial e o Cetras, que funciona em horário comercial, abrir para poder realizar a recepção. Essa simples adaptação de espaço já poderia evitar muitas mortes.

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