
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Uma mulher de 43 anos foi multada em R$ 2,5 mil por manter em cativeiro cinco aves silvestres. A ocorrência foi registrada neste sábado (5), em Álvares Machado.
Conforme a Polícia Ambiental, a equipe recebeu uma denúncia de pássaros em cativeiro em uma residência. Os policiais foram até o local e constataram que havia cinco papagaios-verdadeiros em gaiolas.
A moradora informou à corporação que não tinha autorização do órgão ambiental competente para criar as aves.
Diante da situação, foi lavrado o auto de infração ambiental no valor de R$ 2,5 mil por manter em cativeiro espécimes da fauna silvestre em cativeiro.
A Polícia Ambiental informou que como não havia local adequado para depositar os pássaros, os papagaios ficaram depositados em nome da autuada como depositária fiel.” – texto da matéria “Moradora de Álvares Machado é autuada em R$ 2,5 mil por manter em cativeiro cinco papagaios-verdadeiros”, publicada em 6 de junho de 2021
Criar animal silvestre como bicho de estimação já, por si, uma atitude reprovável. São bichos de espécies que não passaram pelo processo de domesticação e, portanto, têm necessidades e comportamentos incompatíveis com o ambiente doméstico. Pela foto, percebe-se, inclusive, a inadequação do local em que esses papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) eram criados.
A atitude dessa mulher incentivou traficantes a continuarem a capturar e vender papagaios-verdadeiros. O município de Álvares Machado fica próximo da divisa com o Mato Grosso do Sul, justamente onde ocorre intensa captura dessas aves por traficantes de fauna.
Para piorar, a mulher ficou, ainda que em caráter provisório, com as aves. A Resolução nº 457/2013 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) permite que infratores fiquem temporariamente com os animais ilegais quando não houver local adequado para encaminhá-los, como os centros de triagem e de reabilitação de fauna (Cetas, Cras ou Cetras). Em Presidente Prudente, município vizinho a Álvares Machado, existe um centro novinho que recebeu autorização para receber animais em dezembro do ano passado – depois de ter sido inaugurado em fevereiro e ficar fechado por falta de vistoria da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Será que o Cetas de Presidente Prudente já está lotado? Ou será que não obteve autorização para receber papagaios-verdadeiros, justamente na principal rota de tráfico da espécie do Brasil? Ou será que o centro ainda está enfrentando problemas burocráticos para funcionar plenamente?
Independentemente de qual seja o problema, deixar animal vítima de traficantes com a pessoa responsável pela sua retirada da natureza em pior, em ambiente inadequado, é um erro. E o único responsável por esse erro é o poder público que não se estrutura para combater o comércio ilegal de fauna e atender os bichos apreendidos.