
Por Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
O Fauna News publicou ontem, 15 de junho, um comentário sobre dois flagrantes seguidos em um reincidente traficante de animais (“No RS, traficante de animais é preso duas vezes em 56 dias. Culpa da lei fraca”). Afirmamos que a legislação fraca, que não leva para a cadeia bandidos profissionais, gera impunidade e reincidência.
Outro caso, ainda em território gaúcho e com a apreensão de 200 aves (a maioria silvestres), escancara essa situação:
“Aves de espécies raras, ameaçadas de extinção e algumas com sinais de maus-tratos foram encontradas em diversos cômodos de uma residência alvo de mandado de busca e apreensão. A operação realizada na manhã desta segunda-feira (15), em Santa Clara do Sul, contou com o trabalho de agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Lajeado, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e Rede de Proteção Ambiental e Animais (Repraas).
Esta foi a maior apreensão de pássaros silvestres do Vale do Taquari, pelo menos nos últimos 15 anos. Segundo o chefe da fiscalização da Sema, Mateus Leal, em sua experiência, ele nunca havia visto tantos animais em um só local. As gaiolas com aves estavam postas em todos cômodos da casa, até em banheiros. Já nos fundos da residência, viveiros foram construídos para colocação dos bichos. “Encontramos duas realidades: animais domésticos, e os silvestres, como o Cardeal Amarelo, que está criticamente ameaçado do Estado e no País”, explica o biólogo.
O homem responsável pelos animais responderá a um termo circunstanciado e deverá pagar multa. “O mínimo é R$ 500 por cada animal, já os ameaçados de extinção a multa é R$ 5 mil por unidade”, complementa Leal. Alguns pássaros foram encontrados com anilhas, que, conforme a investigação, seria utilizada para “esquentar” a venda e fazer com que a comercialização parecesse legal.
Tráfico de animais
A operação foi deflagrada por agentes da Draco e da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), ambas delegacias de Lajeado. Segundo a Polícia Civil, o homem caçava os animais e vendia, além de fazer a reprodução, também com intuito financeiro.
As investigações apontam, segundo o titular da Draco Dinarte Marshal Júnior, que o acusado comercializava as aves por valores altos. “Apreendemos alguns depósitos de valores de até R$ 7 mil. Ele tinha um negócio de comércio, que é totalmente ilegal, além de ele caçar e talvez alguém caçar pra ele. E tem a questão da lavagem de dinheiro, temos que analisar quanto ele auferiu com essa venda ilegal e buscar os bens dele”, comenta o delegado.
O presidente da Repraas, Vladimir da Silva, classifica o local onde foi feita a apreensão como a casa do tráfico de animais do Vale. “É um grande traficante de animais do Vale do Taquari. Já vínhamos recebendo denúncia dele há cerca de um ano. Agora, com essa atuação mais especializada da Draco, deu para fazer um trabalho para chegar nele”, destaca.” – texto da matéria “Draco, Sema e Repraas realizam maior apreensão de aves do Vale do Taquari”, publicada em 15 de junho de 2020 pelo site do jornal O Informativo do Vale (RS)
O homem preso, pelas declarações dos policiais e agentes públicos, é um traficante de fauna profissional. Captura ilegalmente, reproduz sem autorização, adultera anilhas e submete as aves a maus-tratos. O imóvel era um depósito. Havia anotações contábeis.
E, apesar de tudo isso, ele assinou um termo circunstanciado se comprometendo a comparecer perante um juiz e foi solto.
Será que ele vai parar de traficar?
Será que ele vai comparecer na Justiça?
Impunidade é isso.
– Saiba mais sobre o tráfico de animais
https://youtu.be/t_cGSoD7eQY