PM Ambiental de SP intensifica combate a soltura de balões no inverno

Capitão da Polícia Militar Ambiental do estado de São Paulo. É comandante da 2° Companhia do 1° Batalhão da PM Ambiental, professor de Direito Ambiental na Academia de Polícia Militar do Barro Branco e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP)
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Mais um inverno chegou e com ele, aqui na região Sudeste, os dias são mais curtos, gelados e secos. No artigo de hoje, vou trazer algumas considerações sobre como essa estação do ano interfere direta e indiretamente em nossa fauna silvestre.

Por conta dos dias mais curtos, temos também dias mais frios. Em consequência, há uma diminuição considerável na oferta de alimentos para os animais, que ficam mais vulneráveis à caça predatória, uma vez que fica mais fácil a “ceva” (termo usado para atração de animais silvestres para armadilhas com a utilização de comida). Somente neste ano de 2023, até o final de maio, o policiamento militar ambiental já havia apreendido mais de 160 armas de fogo, sendo a grande maioria delas de caçadores.

Além disso, temos também outros componentes humanos que interferem diretamente na fauna nesse período. Umas de cunho cultural que, em alguns casos, é crime.

O perigo das pipas
Um deles é a época de pipas ou papagaios, sendo um terror para a avifauna silvestre, muitas das vezes acometidas durante seu voo por linhas com cerol ou a nova modalidade chamada de “linha chilena”. Esta última é muito mais resistente e com alto poder cortante, sendo composta por uma mistura de quartzo e óxido de alumínio, um risco para asas, olhos, bicos e patas de nosso animais voadores, que chegam aos montes nos centros de triagem e reabilitação (cetras) acometidos por essa “diversão humana”.

Soltar balão é crime
Outro fator cultural que surge em concomitância com as festividades juninas é a soltura de balões. Mesmo sendo crime tipificado no artigo 42 da Lei de Crimes Ambientais, com penas que podem chegar a três anos de detenção, a prática ainda ocorre na Região Metropolitana de São Paulo e pelo Brasil afora. Cabe salientar que a queda de balões é um dos fatores que mais geram incêndios florestais. Além de ocasionar a morte de centenas de animais, o fogo consume grandes áreas de vida da nossa fauna, deixando os espécimes ainda sem abrigo e alimentação nessa época tão sensível para os animais.

Visando combater essa prática, o 1° Batalhão de Polícia Militar Ambiental desencadeou no neste mês a Operação Golfier, em que foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em fábricas de balão, resultando em 66 balões apreendidos e mais de R$ 1 milhão em multas aplicadas protegendo, assim, não só o espaço aéreo, mas também a fauna e flora silvestres.

Devemos nos atentar em como proteger e prevenir danos aos nossos animais silvestres. Isso deve passar por uma reanálise de ações e culturas socialmente aceitas, pois a evolução da proteção de nossos animais exige mudanças social e de atitudes. Devemos repensar a forma de agirmos para termos um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.

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